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Futsal: Honra aos vencidos

Futsal: Honra aos vencidos

Se no sábado foi Nelson quem impediu aquela que seria a maior derrota da história de Moçambique no seu reduto, no domingo, foi o guarda-redes guatemalteco que não deixou que a selecção nacional de futsal vingasse a derrota do dia anterior.

O pavilhão da Académica vestiu-se de gala para receber a Guatemala. Mas Moçambique, sem competir há seis meses, caiu com estrondo. Perdeu por seis bolas e só não sofreu uma goleada mais pesada porque Nelson foi um herói dentro dos postes. Contudo, a derrota de Moçambique tem uma explicação lógica: não há competição a nível de clubes há um ano e alguns meses. Os jogadores não são profissionais. Treinam quando podem.

Por outro lado, na Guatemala há duas divisões. A primeira é disputada por 10 equipas. A segunda conta com igual número de clubes. Os escalões de formação contam com academias de alto rendimento e campeonatos de sub-12, sub-15 e sub-17. Portanto, a vitória da Guatemala, mais do que fruto da superioridade dos seus atletas, foi o triunfo do trabalho sobre o descaso.

A Guatemala começou a praticar futsal em 2000, dois anos depois de Moçambique, e hoje dá-se ao luxo de golear a nossa selecção em pleno solo pátrio.

História do jogo

10 minutos. Foi o que durou a resistência de Moçambique. Uma eternidade para aquilo que a Guatemala tinha feito ao longo desses 600 segundos. Nelson tinha defendido tudo e a equipa escalada por Roberval Ramos não conseguia fazer quatro passes seguidos. Os guatemaltecos fechavam todas as linhas e pressionavam o portador da bola de forma asfixiante. Era um jogo de sentido para a baliza de Nelson.

Quando Rafael Gonzalez marcou o primeiro golo deu corpo apenas ao adágio popular que diz que “a justiça tarda, mas não falha”. Depois veio mais um por intermédio de Mansilla. Foi com esse resultado que as equipas recolheram aos balneários.

No segundo tempo, Gonzalez fez o terceiro. José Carlos mais dois. Allan Aguilar fez o golo da noite: um chapéu monumental depois de um passe de Gerson Mata que rasgou por completo a organização defensiva dos moçambicanos. Mata fechou as contas com o sétimo golo.

Moçambique era uma equipa em frangalhos, órfã de ideias e completamente subjugada. Apenas dois jogadores tentaram remar contra a ordem vigente: Nelson, um herói nos postes, e Mandito que levou uma bola ao poste.

O golo de honra de Moçambique chegou no fim. O autor foi o guarda-redes Nelson, o único que não merecia a derrota.

O dia da redenção

No segundo jogo, Moçambique entrou com outra atitude. Encerrou a Guatemala no seu meio-campo. Porém, acertou nos postes, no guarda-redes e nunca nas redes. Dino, Mandito e Óscar fizeram um grande jogo, mas não atinaram com a baliza.

O futal é pródigo em injustiças. Só por isso é que se explica que a Guatemala tenha saído para o segundo tempo a ganhar por duas bolas sem fazer nada.

Nos últimos 20 minutos Moçambique saiu com tudo e procurou a vitória. Voltou a encostar a Guatemala, mas só conseguiu um golo. Perdeu por uma bola, mas saiu de cabeça erguida. Um resultado improvável no contexto actual do futsal moçambicano.

Poucos atletas seriam de uma abnegação tão profunda. Há, diga-se, poucas derrotas que tenham o sabor a vitórias. Esta da selecção nacional de futsal é uma delas. O prof. Eduardo Estrada, seleccionador da Guatemala, disse no final do segundo jogo, que Moçambique tem tudo para jogar ao mais alto nível. Ou seja, o problema não é de talento mas de quem dirige os destinos do desporto no país.

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