O fundo de pensões holandês ABP anunciou a demissão dos gestores da sua subsidiária do ramo florestal GSFF por envolvimento em práticas “anti-éticas”, que resultaram em “destruição e roubo” de terra da população em Moçambique.
O ABP, que gere um dos maiores fundos de pensões do mundo, foi obrigado a explicar-se em comunicado, depois de o diário holandês Volkskrant ter publicado uma matéria em que a GSFF é acusada de estar envolvida na destruição de campos agrícolas e expropriação de terras, para um projecto florestal em que investiu 47 milhões de euros.
Citando ONG´s que operam em Moçambique, o Volkskrant refere a ocorrência de ameaças aos camponeses e queimadas em terras utilizadas pela população para a agricultura, protagonizadas pela GSFF, detida em 54 por cento pelo ABP.
“Já expressámos a nossa profunda preocupação à GSFF sobre a gestão do projecto e fizemos pressão para que houvesse demissões. O director- executivo já foi substituído este ano, tal como o presidente do conselho de administração e os directores executivos das quatro subsidiárias da GSFF em Moçambique”, aponta a ABP, em nota de imprensa.
“Confiámos nesta nova gestão e esperamos que eles coloquem o projecto em ordem e cumpram as exigências éticas da ABP”, refere-se no comunicado.
O ABP, que diz que não gere directamente a subsidiária, manifestase escandalizada com a actuação da GSFF, pelo facto de esta ser administrada por entidades da igreja cristã luterana da Suécia e Noruega, de quem, defendeu, era por isso expectável uma conduta ética apropriada.
“Não compreendemos porque é que instituições religiosas e outros fundos de investimento colocam dinheiro em projectos que exploram os mais pobres dos pobres”, diz a ABP