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Fundo climático ainda invisível em Moçambique

A ministra para a Coordenação da Acção Ambiental, Alcinda Abreu, disse que Moçambique ainda ‘não está a ver’ o dinheiro prometido pelas nações mais industrializadas destinado a mitigar os efeitos das mudanças climáticas nos países pobres.

A cimeira das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, havida no ano passado em Cancúm, México, acordou a criação do Fundo Verde Climático, através do qual os países desenvolvidos irão desembolsar 30 biliões de dólares americanos no biénio 2010/12, podendo o mesmo valor aumentar para 100 biliões repartidos anualmente a partir de 2013 até 2020.

”Queremos que estes fundos sejam disponibilizados”, disse a governante, falando semana passada em Maputo num encontro destinado abordar a participação do país na 17ª conferência das partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas, a decorrer de Novembro a Dezembro próximos na cidade portuária de Durban, na vizinha África do Sul.

Na sua intervenção, a ministra disse que o país está confiante que esses recursos sejam disponibilizados a partir de um futuro breve, uma vez que é necessária uma robustez financeira para melhor implementar as medidas de adaptação as mudanças climáticas.

Abreu defendeu a necessidade de renegociar essas promessas na próxima cimeira de Durban, mas para o efeito é preciso fortalecer uma posição comum entre os países severamente afectados pelas mudanças climáticas, como é o caso de Moçambique.

”Um país sozinho é uma luta inglória. Não conseguimos andar”, disse a fonte, acrescentando que o continente africano já constitui uma vantagem porque possui mais de 50 países, o que não se pode ignorar.

No passado, alguns países africanos, incluindo Moçambique, já defenderam o posicionamento do grupo dos 77 mais a China, porém Alcinda Abreu considera extremamente difícil integrar o país no mesmo em consequência da diferença de interesses com as economias de desenvolvimento rápido.

”Temos que encontrar aliados com desafios comuns, com problemas comuns e África é conhecida como um continente vulnerável às mudanças climáticas e mesmo assim tem se beneficiado menos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e créditos de carbono”, sustentou a ministra.

Apesar dessa tendência, a governante reconhece que agora as atenções estão a virar para a África que, por sinal, possui a maioria dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, e Moçambique tem sido uma das prioridades.

Moçambique é um dos países africanos mais afectados pelas mudanças climáticas, fenómeno que já é uma realidade há mais de 40 anos e que se manifesta de diversas formas, incluindo a subida do nível médio das águas do mar e as alterações nos padrões de temperatura e precipitação, com efeitos dramáticos na agricultura, principal actividade económica para a maioria dos moçambicanos.

Aliás, um exemplo apropriado das sérias consequências nas alterações nos padrões de temperatura e precipitação é a actual situação em que se encontra mergulhada a Somália, país do Corno de África, que vive a pior seca dos últimos 50 anos originando um êxodo de refugiados para o vizinho Quénia em busca de auxílio humanitário.

A ministra para a Coordenação da Acção Ambiental disse que, embora seja ainda invisível o Fundo Verde Climático, ao nível unilateral, Moçambique tem estado a negociar financiamentos para projectos de adaptação as mudanças climáticas e mitigação do desmatamento e degradação ambiental.

Segundo a governante, estes financiamentos têm vindo a ser negociados com diversas instituições internacionais, incluindo o Banco Mundial, o Departamento britânico para o Desenvolvimento Internacional (DFID) bem como com os governos da Dinamarca e Noruega.

”Recentemente, soubemos que, no âmbito do projecto de resiliência climática, o Banco Mundial vai começar a desembolsar no primeiro semestre do próximo ano 120 milhões de dólares americanos do pacote de 180 milhões”, referiu ela.

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