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Funcionários queixam-se de maus-tratos no Hospital Central de Nampula

Funcionários queixam-se de maus-tratos no Hospital Central de Nampula

A morosidade do pessoal do sector dos Recursos Humanos na tramitação dos processos administrativos para as nomeações e ou mudanças de carreira, de bónus anuais de rendibilidade para indivíduos com maior desempenho, associada às condições deploráveis de trabalho estão a minar o relacionamento entre os funcionários e a direcção do Hospital Central de Nampula (HCN).

Durante a visita do governador da província, Victor Manuel Borges, os funcionários do HCN queixaram-se da falta de transparência na tramitação de expedientes relativos a mudanças de carreira.

Cristóvão Francisco, servente, em serviço no sector farmacêutico, é um dos funcionários daquela instituição que sentem na pele a inércia dos Recursos Humanos. O visado aguarda pela sua reintegração no Aparelho do Estado desde 8 de Dezembro de 2013, depois de ter sido desvinculado por motivos por si desconhecidos.

O cheiro nauseabundo a que são sujeitos os agentes de serviço, enfermeiros e técnicos de diferentes especialidades, incluindo os próprios médicos nos seus locais de trabalho, devido à falta de balneários condignos, constitui outro atentado contra a sua integridade física e moral, tal como referiram alguns intervenientes na reunião com o chefe do executivo de Nampula.

Trata-se da maior unidade sanitária da região norte do país, edificada na década 60, actualmente com um efectivo de 1.504 trabalhadores com vista a assistirem de cerca de onze milhões e quinhentos mil habitantes das províncias de Nampula, Niassa, Cabo Delgado e Zambézia.

Segundo Ernesto Afonso Guarda, médico, com mais de 20 anos de carreira, algo de errado deve estar a ocorrer no hospital, sobretudo na área de gestão administrativa interna. Este facto, de acordo com aquele profissional da Saúde, tem contribuído para a “fuga” de funcionários e dos médicos, em particular. Além de questões específicas e de índole administrativo-financeira, os funcionários queixam-se ainda do problema de superlotação do hospital e acusam a direcção de Bernardo Leite de nada fazer para corrigir este cenário.

Com apenas 529 camas, aquela unidade sanitária chega a acolher mil ou mais doentes em média por dia, superando, deste modo, a capacidade do pessoal clínico.

Aliado a este factor, o tempo de espera pelo atendimento tornou- -se algo insuportável, apesar de os gestores do hospital defenderem que houve uma redução significativa nos últimos tempos.

Afonso Pedro Amone, do serviço de urgência da Pediatria, defende o estabelecimento da chamada “taxa moderadora” supostamente para desencorajar alguns doentes, cujas enfermidades deveriam ser tratadas noutras unidades sanitárias.

O nosso interlocutor disse que alguns pacientes com infecções de transmissão sexual ou ferimentos ligeiros, por exemplo, apresentam- -se nos serviços de urgência do banco de socorros à meia-noite ou de madrugada, agravando, deste modo, o problema de superlotação.

Equipamentos sensíveis avariados há seis meses

Os serviços de “raio x” estão a operar com muitas dificuldades no Hospital Central de Nampula, devido à falta de equipamentos adequados para aquele tipo de actividade. O instrumento que efectua a Tomografia Axial Computadorizada (TAC), encontra-se avariado há seis meses e ninguém se preocupa com a sua recuperação.

Reagindo às inquietações levantadas pelo colectivo do Hospital Central de Nampula, o governador daquela província disse ter tomado conta do recado, mas aconselhou a que houvesse uma acção coordenada e a convivência salutar na instituição.

Segundo Borges, a gestão regrada dos funcionários deve estar acima das prioridades dos gestores administrativos e dos Recursos Humanos em cada uma das instituições do Estado. Quanto ao problema de congestionamento da maior unidade sanitária do norte, aquele dirigente disse que o mesmo será ultrapassado com a anunciada construção, ainda este ano, de mais um hospital geral na cidade de Nampula.

Neste momento, a direcção daquele estabelecimento socorre-se dos hospitais Militar e de Marrere, localizados a cinco e 10 quilómetros, respectivamente, da capital provincial e aos centros de saúde 25 de Setembro, 1º de Maio e Muhala-Expansão para onde são evacuados os doentes com patologias menos graves.

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