O propósito recentemente anunciado pelo partido FRELIMO de abrir um processo de revisão da Constituição (omitido o alcance a dar ao mesmo) é visto em alguns círculos de análise como primeira manifestação de vontade de uma ala interna conotada com Armando Guebuza, que pretende alterar a disposição constitucional que veda ao PR o exercício de um terceiro mandato.
A linha argumentativa da referida ala, cujas influências internas avolumaram, baseia-se em ideias-chave como a de que o partido FRELIMO dificilmente disporá de outro candidato, que não Armando Guebuza, à altura de concorrer com o actual edil da cidade da Beira, Daviz Simango. Daviz Simango, que é igualmente líder do MDM, é agora visto como principal adversário (também considerado na análise que os próximos actos eleitorais serão menos permissivos a práticas de manipulação que vinham beneficiando ao partido FRELIMO).
O cenário de uma segunda recandidatura de Guebuza é objecto de contestação interna, provinda de uma ala, também influente, identificada com Joaquim Chissano, antecessor do actual incumbente. Armando Emílio Guebuza, que está a cumprir o seu segundo mandato (e último no contexto da actual Constituição da República), já negou por mais de uma vez ter alguma pretensão de se candidatar para um terceiro mandato à Presidência da República.
A especulação de que o partido FRELIMO estaria com planos de rever a Constituição da República para possibilitar que Guebuza se inscreva para a corrida às presidenciais de 2014 avoluma desde que no decurso de uma reunião do Comité Central deste partido que governa Moçambique desde que se tornou independente em 1975 um militante sugeriu, na plenária, que o actual Chefe do Estado concorresse a um novo mandato.
Depois de manifestações claras contrárias a essa tese expressas publicamente por Joaquim Chissano e Jorge Rebelo, outro influente do partido FRELIMO, Guebuza multiplicou-se em esforços repetindo que não tem tal pretensão e que o militante que defendeu a sua terceira candidatura fê-lo por iniciativa própria.