Mais um duro golpe contra Moçambique está iminente devendo afectar as contas públicas do sector da Saúde entre 2011 e 2012 quando o país ver reduzido em cerca de 15% o nível de acesso aos cuidados e tratamento do HIV/SIDA devido a cortes, no decurso dos próximos dois anos, de financiamentos a programas de prevenção e combate contra a doença a serem efectuados pela França, Finlândia e DFID (Departamento Internacional para Desenvolvimento).
A medida irá reflectir-se, directamente, no “aumento do risco dos pacientes ficarem expostos à interrupção do tratamento, como aconteceu em Dezembro de 2009”, lamentou Michel Kazatchkine, director executivo do Fundo Global para SIDA, Tuberculose e Malária, individualmente responsável pelo anúncio, em Maputo, da mesma medida. Kazatchkine estimou em cerca de 35 milhões de dólares norte-americanos o corte de financiamento por aqueles principais parceiros externos de programas de prevenção e combate contra o HIV/SIDA, alertando que “outros países parceiros poderão também deixar de financiar o programa devido à crise financeira mundial”, despoletada em 2007, na área da Imobiliária dos Estados Unidos da América (EUA).
MISAU & Daziano
Kazatchkine apelou ao Governo e a sociedade civil moçambicanos no sentido de, muito rapidamente, encontrarem alternativas para mitigar a medida tomada pela França, Finlândia e DFID porque “se esta lacuna não for compensada pelo Governo moçambicano e pela sociedade civil, isto poderá resultar na interrupção do tratamento e/ou uma lacuna entre aqueles que precisam de antiretrovirais versus aqueles que já começaram com o tratamento”. Entretanto, enquanto o porta-voz do Ministério da Saúde, Leonardo Chavane, afirma “estou admirado com a notícia porque a desco nheço”, o director da Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD) da Embaixada da França, em Maputo, Bruno Leclirc, confirmou o corte, a partir de 2011, “porque queremos aumentar o nosso financiamento a projectos moçambicanos de construção de mais infra- estruturas como estradas”.
Falando esta quarta-feira ao Correio da manhã, Leclirc ajuntou que os próximos financiamentos franceses a Moçambique serão destinados, grosso modo, para instituições governamentais e empresas privadas e públicas para infra-estruturas, “porque estamos apostados em apoiar Moçambique nas infra-estruturas que continuam débeis”. Refira-se, entretanto, que a França alocou, para 2010, cerca de três milhões de euros (aproximadamente 134,6 milhões de meticais) para o programa PROSAUDE, onde se inclui uma verba não revelada para prevenção e combate contra o HIV/SIDA.