A França está há um ano em um recessão profunda, caracterizada pela queda de 1,2% de sua atividade no primeiro trimestre de 2009, segundo dados oficiais publicados nesta sexta-feira, mas salvou-se do naufrágio pela resistência do consumo.
O Instituto nacional da estatística (Insee) publicou nesta sexta-feira uma série de dados que mostram que a recessão começou há um ano. Ele revisou em baixa os dados de crescimento dos três trimestres anteriores: queda de 1,5% no quarto trimestre de 2008, de 0,2% no terceiro e de 0,4% no segundo.
Apesar de estar a atravessar sua pior crise desde o primeiro choque petroleiro de 1975, a França parece resistir um pouco melhor à recessão mundial do que seus principais vizinhos. A Alemanha registrou queda de 3,8% da atividade no primeiro trimestre e o conjunto da zona euro, de 2,5%. “O PIB da França recuou 1,2% no primeiro trimestre de 2009. É enorme em geral, mas em relação aos padrões internacionais esta queda é relativamente limitada”, comentou Nicolas Bouzou, economista do gabinete Astères.
A França é, com os Estados Unidos, o único país industrializado em que o consumo das famílias aumento nos últimos meses. A alta é modesta, de 0,2%, mas salva. Este consumo das famílias é, no entanto, muito frágil, e a disparada do desemprego pode ter repercussões nos próximos meses desta exceção francesa dentro da União Europeia.
Segundo os dados publicados nesta sexta-feira, 138.000 empregos foram destruídos no país no primeiro trimestre. “Se o consumo cair devido ao desemprego, a recessão poderá se transformar em depressão”, advertiu Alexander Law, econimista do instituto Xerfi. No meio à publicação destes dados, o governo francês reviu em baixa suas previsões econômicas oficiais para o acumulado do ano. O governo espera uma contração de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) contra uma precedente previsão de queda de 1,5%. Mesmo assim, o governo prevê uma “retomada gradual em 2010”, lembrou a ministra da Economia, Christine Lagarde.
O primeiro-ministro francês, François Fillon falou quinta-feira de sinais “animadores”. “A inflação está muito baixa, o consumo está resistindo bem e os bancos continuam sólidos”, declarou. “O mercado do emprego continuará registrando pioras na França, assim como em todas as economias industrializadas em 2009, mas depois do verão o aumento do desemprego vai desacelerar”, acrescentou.