O chefe dos economistas do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard, pediu esta sexta-feira aos governos que sejam mais ambiciosos na redução da dívida pública, para que tenham margem de manobra em tempos de crise.
“O ensinamento da crise é claramente que os objetivos em matéria de níveis de dívida devam ser mais exigentes do que aqueles observados antes”, explicou Blanchard, coautor de um trabalho de pesquisa intitulado “Repensar a política macroeconômica”. Ele não mencionou um país ou índice, mas considerou que alguns Estados membros se equivocaram ao não reduzir suficientemente suas dívidas públicas durante o período de forte crescimento antes da crise.
Esta crise “mostrou a importância de se ter margem no orçamento, (…) uma margem de manobra durante os períodos difíceis”, declarou Blanchard em entrevista concedida à revista interna do FMI. “Algumas economias avançadas, que entraram na crise com níveis de dívida altos e vários compromissos não financiados, tiveram pouca margem para recorrer a uma política orçamentária e hoje enfrentam ajustes difíceis”, acrescentou.
“Isso nos faz pensar que temos que voltar a examinar os objetivos de dívida em relação ao PIB. Talvez devamos apontar para níveis muito mais baixos do que os de antes da crise”, considerou. O FMI estimava em novembro na última versão de seu “Relatório sobre vigilância orçamentária multinacional” que esses níveis de dívida, provavelmente, aumentariam nos próximos anos. À exceção dos “amplos ajustes orçamentários”, a dívida média dos países ricos do G20 deverá passar de 99% do PIB em 2009 para 107% em 2010 e 118% em 2014.