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Iraque: começa a campanha eleitoral num clima de caça ao Baath, o partido de Saddam

A campanha oficial para as eleições legislativas de 7 de março no Iraque começou esta sexta-feira num ambiente político agitado, marcado por um clima de caça a supostos partidários do proscrito partido Baath, traduzindo-se na eliminação de centenas de candidatos, entre eles um líder sunita do Parlamento.

Ativistas do partido afixaram cartazes por toda Bagdá, além daqueles que já estavam pendurados ilegalmente em diversos locais da capital nas últimas semanas. Para o pleito, que acontece alguns meses antes da retirada em massa de tropas de combate americanas, estão sendo chamados às urnas 19 milhões de iraquianos, que deverão escolher – entre 6.100 candidatos – os 325 deputados do Parlamento para os próximos quatro anos.

Pôsteres e cartazes foram espalhados por todo o país, com exceção da cidade sunita de Mossul, algumas horas após a decisão de um comitê de sete notáveis autorizar a participação no pleito de 28 candidatos dos mais de 500 que originalmente faziam parte da “lista negra”, provocando a cólera da comunidade sunita. Entre os eliminados, dois candidados do Bloco iraquiano do ex-primeiro-ministro laico Iyad Allaoui: Saleh al-Moutlaq, um líder sunita do Parlamento e Dhafer al-Ani.

“É o golpe de misericórdia do processo político e o suicídio da democracia no Iraque. Não acho que esta medida aumentará a participação eleitoral. Não conseguirão nos isolar de nosso povo”, declarou Moutlaq à televisão. Essas medidas são acompanhadas também, nas províncias xiitas do sul, administradas principalmente pela chapa “Estado de direito” do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, pelo desencadeamento de uma campanha de depuração das administrações locais.

Na província de Babilônia, o governador Salman al-Zarkani demitiu seu primeiro-vice-governador Iskanker Jawad Watout, candidado do Bloco iraquiano, invocando seu passado no partido Baath. Em Nassiriyah, o chefe de polícia afastou três oficiais superiores pelos mesmos motivos e, nas províncias de Wassit, Kerbala, Najaf e Bagdá, os governadores anunciaram a criação de comitês de evicção de funcionários com ligações com o antigo regime. Na capital, paredes, postes de luz e árvores estão cobertos de cartazes.

“Com a ajuda de Deus, vontade e mudança”, diz a chapa de Maliki enquanto seu concorrente xiita a “Aliança Nacional Iraquiana”, assegura “os direitos dos cidadãos”. Entre os laicos, o ministro do Interior Jawad Bolani insiste na “unidade do Iraque” e a chapa do nacionalista Mithal Alloussi promete “reparar o que os outros danificaram”.

Nas regiões sunitas, como Tikrit, perto da cidade natal de Saddam Hussein, são cartazes do Bloco iraquiano e de Jawad Bolani que dominam, mas na província de Al-Anbar, a cidade de Ramadi está coberta de pôsteres da chapa Maliki. Já o líder da Al-Qaeda no Iraque, Abu Omar al-Baghdadi, ameaçou em uma gravação de áudio nesta sexta-feira impedir as eleições legislativas no país através de “meios militares”, segundo o centro de vigilância SITE. De acordo com o SITE, Baghdadi condenou as eleições de 7 de março às quais chamou de crime político cometido pelos xiitas.

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