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Ferroviário da Beira: Um grupo vencedor

O Clube Ferroviário da Beira conquistou, no último sábado (23), a edição 2013 da Taça de Moçambique, a segunda maior competição futebolística do país, depois de ter terminado na segunda posição no Moçambola. Valdemar Oliveira explica, em linhas gerais, as razões do sucesso da colectividade que preside.

Numa conversa com o @Verdade, Valdemar Oliveira revelou que as boas exibições do clube que dirige nos dois últimos anos, que se reflectem na conquista de títulos, se devem à melhoria dos níveis de organização daquela colectividade que passou a privilegiar o trabalho em grupo e articulado.

“Sou, por natureza, uma pessoa muito exigente. Transportei esta minha forma de ser para a gestão do clube do qual sou presidente. Mas não comecei assim. No início estudei como era o futebol moçambicano para, com base na conclusão tirada, poder operar mudanças a nível de organização e tornar a direcção mais operativa”.

Para o efeito, segundo Valdemar Oliveira, foi necessário formar uma equipa de trabalho constituída por pessoas competentes, conhecedoras do futebol e, mais do que isso, “comprometidas com o objectivo de alcançar resultados satisfatórios. Foi por isso que introduzimos o lema ‘organização, trabalho e resultados’ no Ferroviário da Beira”.

“Nós descentralizámos as tarefas e promovemos a cultura de responsabilização dos executantes”, detalhou o presidente ainda no cômputo da organização interna daquela colectividade, explicando que esta é uma prática que tem dado sucesso ao Ferroviário da Beira nos últimos dois anos. Aliás, para Valdemar, “a diferença entre a sua colectividade e as demais do país reside, pura e simplesmente, na organização interna”. “Definimos como objectivo fazer a dobradinha. Mas não nos deixaram”

Ainda durante a conversa com o presidente do Clube Ferroviário da Beira, soube o @Verdade que era objectivo daquela colectividade fazer a dobradinha, ou seja, “conquistar o Moçambola e a Taça de Moçambique, erguer os troféus que nos escaparam no ano passado”. Acrescenta o dirigente que “criámos todas as condições para que 2013 fosse o ano de ouro para o Ferroviário” e argumenta afirmando que no Moçambola só não foi possível terminar no pódio porque “não nos deixaram ser campeões”.

“O nosso futebol é feito de muita coisa que, por vezes, ultrapassa as nossas capacidades. Quantos jogos perdemos ou empatámos sem nenhum fundamento táctico e técnico plausível dentro das quatro linhas? Se formos a rever minuciosamente todas as partidas em que perdemos pontos, podemos chegar à sábia conclusão de que não nos deixaram ganhar”, avançou Valdemar, recusando-se a especificar os personagens ou as situações que impediram o Ferroviário da Beira de erguer o principal troféu do futebol moçambicano.

O Ferroviário ainda pode sagrar-se campeão nacional, admite o seu presidente. “Mas só o seremos no dia em que a qualidade do nosso futebol melhorar. Continuaremos a fazer o nosso trabalho e a desempenhar bem o nosso papel. Um dia estaremos no topo do Moçambola. Não estamos longe disso” fundamentou.

“A direcção é que manda na equipa”

Diferentemente de muitos clubes em que os treinadores é que escolhem o plantel, no Ferroviário da Beira a direcção é que monta o seu grupo de trabalho. “Aqui quem decide sobre a movimentação dos jogadores é a direcção através do seu Departamento de Futebol e nunca a equipa técnica”, revelou Valdemar, adiantando que aquela colectividade teve a experiência amarga de dar liberdade e autonomia aos treinadores, o que era dispendioso para os cofres em virtude de, por exemplo, um técnico decidir-se pela contratação de 15 jogadores e haver necessidade de dispensar tantos outros, por vezes a custo zero.

“Não significa que os treinadores são simples manequins que devem gerir um plantel. Eles podem sugerir a contratação de cinco jogadores no máximo. Até porque, nesta filosofia de trabalho, os técnicos vêm para exibir os seus conhecimentos, mostrar serviço e ajudar o clube a alcançar os seus objectivos”, acrescentou.

Sem esconder, o presidente do Ferroviário da Beira afirmou que esta metodologia de trabalho causou algum desconforto aos treinadores no início, “mas eles aperceberam-se de que cada um tinha de fazer o seu trabalho. Até porque o Departamento de Futebol é gerido por pessoas que conhecem profundamente a modalidade e que trabalham em coordenação com eles”.

“Repare que desde que implementámos esta filosofia só ‘facturámos’ bons resultados. No ano passado perdemos nas meias-finais da Taça de Moçambique e fomos vice-campeões nacionais. Neste ano fomos vencedores da segunda maior prova e igualámos a posição no Moçambola” completou.

O Ferroviário da Beira quer ser uma referência na formação

@Verdade – No futebol, a quantas anda a formação no Ferroviário da Beira?

Valdemar Oliveira – A formação é um problema de todo o país. O Ferroviário da Beira não é uma ilha e passa por dificuldades de vária ordem neste momento para levar a cabo esta actividade. Conseguimos formar uma equipa B que disputa o “Provincial” a nível de Sofala.

@V – Ainda que seja obrigatória a formação em Moçambique, qual é o objectivo do Ferroviário da Beira nesta componente?

VO – Estamos a trabalhar para que um dia o plantel principal seja constituído maioritariamente por jogadores formados neste clube. A nossa meta é ter 75% destes na equipa A. Mas também queremos ter 10 equipas de iniciados, cinco de juvenis e igual número de juniores.

@V – O que é necessário para atingir esse objectivo?

VO – Formar com qualidade. Podemos até garantir isso, olhando para os que saíram das nossas equipas de formação. Mas precisamos de infra-estruturas condignas. Temos poucos campos de futebol e uma das soluções que podia acabar com este obstáculo é a colocação de uma relva sintética.

“Vamos dar o nosso máximo nas Afrotaças”

Uma das perguntas que Valdemar Oliveira não quis responder está relacionada com a participação do Ferroviário da Beira nas Afrotaças. De forma superficial, aquele dirigente disse que “vamos preparar-nos devidamente e com cautela para dar o nosso máximo na Taça CAF. O que é certo é que os nossos atletas estão motivados e posso, desde já, garantir que a espinha dorsal deste plantel vai transitar para o próximo ano e mostrar o seu valor naquela prova africana”.

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