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Fataha Takidir: o representante da nação no Festival da Cultura

Fataha Takidir: o representante da nação no Festival da Cultura

Na cidade de Maputo, concretamente, no bairro da Malhangalene, vive Fataha Takidir, um músico nato, cuja vontade que se nota pela aparência e seus actos é contribuir para o desenvolvimento da música moçambicana. A ele pertence a missão de, com a sua música “Wuyane Inhambane”, ou simplesmente “Bem-vindos a Inhambane”, acolher e aquecer, antes do momento da festa, o público que se juntará no Festival Nacional da Cultura, a decorrer, em Agosto próximo, na terra da boa gente.

Fataha Takidir é natural da cidade de Inhambane. Cantar e comemorar com os seus conterrâneos faz parte dos seus sonhos. Por isso, para concretizar essa idealidade, o artista conseguiu sobressair perante os seis concorrentes com os quais disputou. Trata-se de Sebastião Damas, Isaura Mauane, Fulgêncio Panguane, Isabel Matavele e a dupla Kaká e Dauto.

Contudo, apesar do seu inquestionável talento, a sua relação com a arte não tem sido pacífica. Segundo diz, abraçar a música é difícil porque, cada vez mais, há a necessidade de se lutar a favor de “outros valores mais altos. A vida tem as suas exigências. Nós temos de fazer alguma coisa que nos possa sustentar”. É por isso que, para si, a música é feita, pura e simplesmente, por paixão.

@Verdade: Quando e como surge a sua ligação à música?

Fataha Takidir: É difícil dizer, concretamente, quando começa a minha ligação à música. Na verdade, trata-se de um dom que vem existindo há bastante tempo. Talvez, tenha surgido na fase embrionária, ainda, no ventre da minha progenitora, pois as mães, quando fazem os seus trabalhos domésticos, gritam, cantam, manifestam a sua alegria. E nós, os filhos, não estamos isentos dessas melodias.
Por exemplo, mesmo depois de virmos ao mundo, a situação continua. Cantam quando nos levam ao colo, quando choramos, e sempre que ouvimos essas músicas ficamos animados ao mesmo tempo que nos acalmamos. Isso tudo acontece porque esses ritmos nos fazem bem e nos acompanham desde a fase embrionária até a morte.
Mas, na verdade eu trabalho, como artista, desde 1974, um ano antes da independência. Foi durante esse período que fiz a gravação do meu primeiro disco. Ao longo da minha juventude estive a trabalhar somente na música, só que nunca estive no activo.

@Verdade: Disse que era um artista inactivo. A que se deve esse anonimato?

Fataha Takidir: Há a necessidade de se lutar a favor de outros valores mais altos. A vida tem as suas exigências. Temos de fazer alguma coisa que nos possa sustentar. Como também se sabe, em Moçambique, a música ainda não é uma profissão segura. Talvez, futuramente pode ser vista como uma actividade profissional com legitimidade. É preciso que alguém invista nesse campo. É necessário que haja alguém que acompanhe os artistas. É visível que há artistas nacionais que estão noutros patamares na música, mas é uma parte ainda reduzida.

@Verdade: No geral, de que fala nas suas músicas?

Fataha Takidir: Como qualquer jovem, a minha inspiração vem do amor. Proclamamos o afecto. O resto é o de menos, talvez, por ser apaixonado demais. Mas, eu gosto de tocar instrumentos suaves. A viola baixo é o meu instrumento preferido. Apesar de não estar a praticar, quando toco consigo produzir belas sonoridades. 

@Verdade: Fale-nos, um pouco, sobre o hino do Festival Nacional da Cultura.

Fataha Takidir: A música chama-se “Wuyane Inhambane”, o que, traduzido, significa “Bem-vindos a Inhambane”. No entanto, com essa melodia quero homenagear as pessoas que se unirão, nos próximos dias, no Festival Nacional da Cultura, em Inhambane.

@Verdade: Quando e como surge a música, “Wuyane Inhambane”?

Fataha Takidir: “Wuyane Inhambane” é um produto de diversas tentativas. Fi-la para concorrer num evento de música. Queria torná-la num hino representativo. Então, por causa de uma série de problemas que, ainda, não conhecemos, a música não foi escolhida e a instituição que anunciou o concurso não falar sobre o assunto. Portanto, foi quando, depois de algum tempo, vi no jornal o concurso para o Festival Nacional da Cultura que retrabalhei a obra, a fim de adequá-la às exigências da iniciativa.

@Verdade: Como recebeu a notícia da classificação da sua música?

Fataha Takidir: Recebi-a com muita alegria e emoção. Apostei como as equipas de futebol que, quando entram no campo, estão esperançosas, independentemente do que der e vier. A música é cantada em português, mas tem em bitonga.

@Verdade: Depois dessa conquista, quais são os seus planos para o futuro?

Fataha Takidir: Tudo o que eu quero é uma oportunidade para evoluir. Quero continuar a trabalhar.

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