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Fatah e Hamas fecham acordo para formar governo palestino

O movimento Fatah, do presidente palestino Mahmoud Abbas, selou um acordo com o grupo rival Hamas para formar um governo interino e estabelecer a data para uma eleição geral, anunciaram autoridades esta quarta-feira. O acordo-surpresa foi promovido pelo Egito e seguiu-se a negociações secretas entre os dois lados, que travaram uma breve guerra civil em 2007 que deixou o Hamas no controle da Faixa de Gaza, e Abbas, que tem o apoio do Ocidente, à frente da Cisjordânia.

A unidade palestina é considerada crucial para reviver qualquer perspectiva para um Estado palestino independente. “Concordamos em formar um governo composto por figuras independentes que começarão com os preparativos para uma eleição presidencial e parlamentar”, disse Azzam al-Ahmad, o líder da equipe de negociação do Fatah no Cairo. “As eleições ocorrerão daqui a oito meses”, acrescentou.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o acordo não vai assegurar a paz no Oriente Médio e pediu a Abbas que continue afastado do movimento islâmico Hamas. “A Autoridade Palestina precisa escolher entre a paz com Israel ou a paz com o Hamas. Não há possibilidade de paz com ambos”, disse Netanyahu em comunicado transmitido na TV.

A população palestina vinha pedindo reiteradamente que seus líderes resolvessem as profundas divisões, mas os analistas por muito tempo argumentaram que as diferenças entre os dois lados em questões como segurança e diplomacia eram muito grandes para se chegar a um acordo. Mahmoud al-Zahar, líder sênior do Hamas que participou das conversações, disse que o acordo abrange cinco pontos, incluindo eleições, formação de um governo interino de união e a união das forças de segurança. “Nós também debatemos a ativação do Conselho Legislativo Palestino, a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), assim como a formação de um governo consistindo em figuras nacionalistas de comum acordo”, disse Zahar à televisão Al Jazeera numa entrevista. Ele também afirmou que o Hamas e o Fatah concordaram em libertar os prisioneiros detidos por cada um dos lados.

A Casa Branca disse que o Hamas é uma “organização terrorista” e acrescentou que qualquer governo palestino deve renunciar à violência. Uma autoridade norte-americana disse ainda que um novo gabinete terá que respeitar acordos de paz anteriores e reconhecer o direito de Israel ser um Estado.

Os levantes pró-democracia no mundo árabe provavelmente estimularam as conversas de reconciliação, com a nova liderança do Egito ávida por mostrar sua autoridade sobre a região. “As intenções foram mais sérias desta vez e foram coroadas pelos esforços de nossos irmãos egípcios”, afirmou Taher al-Nono, porta-voz do governo do Hamas em Gaza. Analistas afirmam que a atual crise na Síria, onde está baseada parte da liderança do Hamas, também colocou pressão sobre o grupo para tentar encerrar seu isolamento na Faixa de Gaza, um pequeno enclave costeiro que faz fronteira com Israel e Egito.

A implantação do acordo vai acontecer após uma cerimônia oficial de assinatura no Cairo, prevista para o início de maio. O governo interino não deve incluir autoridades do Hamas, numa tentativa de impedir o tipo de boicoite internacional que prejudica os palestinos desde a eleição conturbada de 2006. Abbas depende da ajuda do Ocidente, que ele tem usado para construir as instituições necessárias para formar um Estado independente.

As negociações de paz entre Israel e Abbas, intermediadas pelos Estados Unidos, foram interrompidas no ano passado, e o presidente palestino tem feito pressão na ONU para obter o reconhecimento ao direito palestino de uma nação independente no território que Israel ocupou na guerra de 1967.

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