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FAO discute a fome que atinge um bilhão de seres humanos

Mais de 60 chefes de Estado e de Governo debatem a partir de segunda até quarta-feira em Roma a imensa tragédia vivida por um bilhão de seres humanos que passam fome no mundo.

A reunião organizada pela FAO com conta com a presença do papa Bento XVI, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do dirigente líbio Muamar Kadafi e do controverso presidente do Zimbábue, Robert Mugabe. No que diz respeito aos países do G8, apenas o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, estava presente, escapando assim da reabertura de um processo previsto para esta segunda-feira em Milão.

“O combate à fome pode ser vencido”, declarou o director da FAO (Organização para a Agricultura e a Alimentação), Jacques Diouf, pedindo ao planeta que aumente a produção agrícola em 70% como forma de poder alimentar mais de 9 bilhões de pessoas, até 2050.

Diouf pediu aos Estados que se comprometam, concretamente, em Roma, em estabelecer em 44 bilhões de dólares anuais os investimentos necessários em agricultura, contra os 8 bilhões de dólares aplicados actualmente. Para mostrar que acabar com a fome não é uma utopia, a FAO sugere seguir as receitas dos países que conseguiram reduzir o número de pessoas desnutridas desde os anos 90. No relatório intitulado “Países que vão contra a corrente”, a organização cita, em particular, 16 países, entre eles Brasil, Arménia, Nigéria, Vietnã, Argélia, Malauí e Turquia que conseguiram ou estão no bom caminho para reduzir à metade os casos de fome até 2015.

No centro deste sucesso, a FAO citou um ambiente favorável ao crescimento, com investimentos centrados nas populações rurais desfavorecidas e um planejamento a longo prazo. Para sensibilizar as opiniões públicas, a FAO lançou um apelo on-line (www.1billionhungry.org) e pediu ao planeta que faça jejum neste sábado e no domingo, em solidariedade para com as pessoas que passam fome. Sessenta chefes de Estado e de Governo são esperados para a Cúpula da Segurança Alimentar.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o Papa Bento XVI responderam presente, assim como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, numa delegação rica em dirigentes sul-americanos e africanos, assim como de personalidades polémicas, como o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe. Mas as ONGs reunidas para um fórum da sociedade civil paralelamente à Cúpula se mostraram céticas sobre o alcance do evento. A Médicos Sem Fronteiras lamentou a ausência dos dirigentes do G8 – comparecerá, apenas, o chefe do governo italiano Silvio Berlusconi.

“É uma tragédia que os chefes de Estado (do G8) não tenham intenção de participar desta Cúpula”, lamentou Daniel Berman da MSF, lembrando que os oito grandes países industrializados se comprometeram em Julho a dedicar 20 bilhões de dólares em três anos para a agricultura. As organizações de ajuda ao desenvolvimento ActionAid e Oxfam denunciaram antecipadamente uma cúpula que se arrisca a tornar-se um desperdício de tempo e de dinheiro”.

A declaração que será assinada em Roma “só vai repetir as velhas metas. A fome no mundo deverá ser dividida por dois daqui a 2015, mas o documento não prevê nenhum recurso para atingir esta meta. Os pobres não podem alimentar promessas”, criticou Francisco Sarmento, da ActionAid. A Oxfam denunciou também a tendência de inúmeros países ricos a favorecer o uso de fertilizantes químicos e de novas tecnologias, principalmente na África, em vez de encorajar o desenvolvimento sustentável e a agroecologia.

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