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FAO denuncia o esbanjamento anual de 1.300 milhões de toneladas de alimentos

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) denunciou nesta quarta-feira (11) que 1.300 milhões de toneladas de alimentos desperdiçam-se anualmente e isto é intolerável num mundo no qual 870 milhões de pessoas passam fome.

Segundo relatório da FAO, divulgado hoje, o esbanjamento de alimentos, além disso do grande custo económico, causa “um grave prejuízo aos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar”. No total, explica o documento, “as consequências económicas diretas do esbanjamento de alimentos (sem contar com pescado e marisco) alcançam a quantidade de 750.000 milhões de dólares”.

O relatório descreve o esbanjamento de alimentos desde uma ótica meio ambiental, centrando-se de forma específica e as suas consequências para o clima, o uso de água, o solo e a biodiversidade. Entre os seus principais conclusões destaca que os alimentos que produzimos mas depois não comemos consomem um volume de água equivalente ao caudal anual do Volga e são responsáveis de acrescentar 3.300 milhões de toneladas de gases de efeito estufa à atmosfera do planeta.

Por isso, o diretor-geral de FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, pede a todos -agricultores e pescadores, processadores de alimentos e supermercados, Governos locais e nacionais, consumidores particulares- “a fazer mudanças em todos os elos da cadeia alimentícia humana para evitar em primeiro lugar que ocorra o desperdício de alimentos, e reutilizar ou reciclar quando não possamos impedi-lo”.

“Não podemos permitir que um terço de todos os alimentos que produzimos se perca ou desperdice devido a práticas inadequadas, quando 870 milhões de pessoas passam fome todos os dias”, acrescenta Da Silva.

A FAO também publicou hoje um manual com recomendações sobre como podemos reduzir a perda e o esbanjamento de alimentos e no qual se denuncia “que os consumidores não planeiam as suas compras, compram em excesso, ou reagem exageradamente às datas de validade de consumo preferente dos produtos”.

Além disso denuncia que “as normas estéticas e de qualidade levam-nos a rejeitar grandes quantidades de alimentos perfeitamente comestíveis”. Também indica como nos países em desenvolvimento se desperdiçam muitos alimentos após a colheita ou na fase inicial da cadeia, pelas “limitações financeiras, estruturais em técnicas de colheita e em infraestrutura de transporte e armazenamento, junto a condições meteorológicas que favorecem a deterioração dos alimentos”.

Cerca 54 % do desperdício de alimentos no mundo produz-se nos períodos iniciais da produção, manipulação e armazenamento, segundo o estudo da FAO. E os 46 % restante ocorre nos períodos de processamento, distribuição e consumo dos alimentos, acrescenta.

Os países em desenvolvimento sofrem mais perdas de alimentos durante a produção agrícola, enquanto o esbanjamento em nível de venda no varejo e do consumidor tende a ser maior nas regiões de salários médio e altos.

No relatório sublinha-se que o esbanjamento de cereais na Ásia é um problema importante, com um grande impacto nas emissões de carbono, uso de água e o solo. Enquanto, o volume de esbanjamento de carne no mundo é relativamente baixo, 80 % total do desperdício da mesma tem lugar nos países de salários elevados (responsáveis de perto de 67 %) e América Latina, O esbanjamento de fruta e hortaliças contribui de maneira significativa para o desperdício de água na Ásia, Europa e América Latina.

A FAO diz que “um maior esforço para equilibrar a produção com a procura significaria não utilizar recursos naturais para produzir alimentos que não sejam necessários”. E que no caso de haver excedentes de alimentos que possa haver uma “reutilização dentro da rede alimentícia humana, procurarem-se mercados secundários ou doarem-se aos membros vulneráveis da sociedade”.

“Se os alimentos não são aptos para o consumo humano, a melhor opção é desviá-los para alimentar gado, conservando recursos que de outra forma seriam utilizados para produzir peso comercial”, assinala. Quando não é possível a reutilização, aconselha a FAO, “deve-se tentar a reciclagem e a recuperação: a reciclagem de subprodutos ou a incineração com recuperação de energia permitem recuperar energia e nutrientes dos resíduos de alimentos, o que representa uma vantagem significativa em relação a atirá-los ao lixo”.

Os alimentos não consumidos que terminam apodrecendo no lixo são um grande produtor de metano, gás de efeito estufa especialmente prejudicial, adverte.

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