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Fantasma do fracasso da conferência de 1933 paira sobre o G20

A atual crise econômica no geral é comparada com a Grande Depressão dos anos 1930, mas os governantes do planeta esperam que a cúpula do G20, no dia 2 de abril em Londres, não repita o fracasso da conferência de 1933 em relação à qual, segundo os especialistas, também há várias semelhanças.

A Conferência Econômica e Monetária organizada em Londres, em 1933, reuniu as delegações de 66 países durante seis semanas em busca de soluções para a alta do desemprego, a queda do nível de vida e a letargia do comércio mundial.

Mas os Estados Unidos e a Europa não conseguiram chegar a um acordo sobre a forma de solucionar a crise e a conferência terminou bloqueada. Agora que os dirigentes dos países desenvolvidos e os emergentes se preparam para uma reunião de cúpula do G20 dedicada à crise e marcada pelas divergências entre os Estados Unidos e a Europa sobre sua solução, alguns analistas veem ressurgir o fantasma de 1933.

O ministro britânico das Finanças, Alistair Darling, inclusive, afirmou recentemente que o fracasso não deveria se repetir. “Os governos reuniram-se em 1933, não conseguiram um acordo e, como consequência, a recessão da época se prolongou durante anos e isso não devia ter acabado assim”, declarou ele à BBC.

No entanto, como na cúpula do G20 de 2 de abril, a reunião de 1933 começou de forma promissora e com grandes declarações sobre sua crucial missão. “A conferência mais importante de todos os tempos não pode fracassar”, escreveu o jornal britânico Daily Mail no dia da abertura, em 12 de junho de 1933, enquanto a grande loja Harrods de Londres difundia um anúncio advertindo aos delegados que “a própria civilização estava numa encruzilhada”.

Ao contrário do atual presidente americano, Barack Obama, seu colega da época, Franklin D. Roosevelt, também então recentemente eleito, não participou pessoalmente na reunião. No seu lugar, mandou seu secretário de Estado, Cordell Hull, para liderar uma delegação profundamente dividida. Mas foi uma mensagem de Roosevelt que marcou a conferência, quando afirmou que não queria um acordo de estabilização das taxas de juros.

Isso provocou, em 27 de julho, o adiamento do encontro, que nunca mais foi retomado. Os historiadores consideram que este fracasso foi o resultado de visões diferentes da situação e que cada país tinha que fazer frente a suas respectivas situações nacionais na busca de uma solução internacional.

“Hoje, mais uma vez, temos um desacordo sobre a natureza do problema e suas soluções: os alemães e os franceses querem refrear os fundos especulativos e os paraísos fiscais, enquanto que os Estados Unidos preferem uma reativação orçamentária”, assinala Barry Eichengreen, professor de Economia e Ciências Políticas da Universidade da Califórnia, em Berkeley (Estados Unidos). Para Patricia Clavin, historiadora da Universidade Britânica de Oxford, a principal lição de 1933 foi “o valor da diplomacia sincera”.

“Esta é a herança, recordar que as políticas devem ser coordenadas”, explica. “É necessário uma vontade de cooperação de todas as partes, não simplesmente obter concessões”, acrescenta.

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