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Famílias descrevem choque de ver filhos convertidos à “loucura bárbara” do Estado Islâmico

“Você sabe o quanto dói criar alguém e ver a pessoa crescer e de repente ela ir-se embora?”, pergunta Ahmed Muthana, de 57 anos, engenheiro electronico aposentado do País de Gales cujos filhos Nasser, de 20 anos, e Aseel, de 17 anos, foram lutar com o Estado Islâmico.

Como todo pai de filhos distantes, ele divaga facilmente, falando sobre o filho mais velho estudioso, que entrou na faculdade de medicina, e do caçula, mais agitado e atlético. “O menor (Aseel) queria ser um nadador olímpico e professor de inglês. Nasser gostava de ciência e queria ser médico”, conta o pai.

“Nasser sempre estava preocupado principalmente com os estudos, e Aseel gostava de se divertir.” Então, sem aviso, os dois desapareceram. “Nasser nos disse que ia para Birmingham, e em seguida descobrimos que está na Síria”, afirmou.

“Aseel disse que tinha uma prova e de repente está no Chipre.” A família Muthana foi arrastada para os holofotes nesta semana, quando Ahmed declarou a jornalistas que acreditava que Nasser era um dos combatentes do Estado Islâmico num vídeo recente mostrando decapitações. Equipes de televisão acamparam fora da casa perto do centro da capital galesa, Cardiff.

Agora, o pai diz que enganou-se num primeiro momento: embora os seus filhos estejam a lutar com o Estado Islâmico, não estavam entre os homens vistos no vídeo da decapitação de soldados sírios. Isso bastou para convencer as equipes a irem embora, mas não aliviou sua tristeza, nem alterou o seu veredicto sobre os filhos, que morreram para ele.

“Eles cometeram suicídio quando fizeram o que fizeram.” Acredita-se que centenas de homens jovens de países ocidentais viajaram para a Síria e o Iraque para juntarem-se ao grupo islâmico radical, que ocupou vastas áreas das duas nações e realizou assassinatos coletivos que chocaram o mundo. Eles abandonam famílias como os Muthana, que têm dificuldades para entender a sua escolha.

Loucura bárbara

Esta terça-feira, na França, jornalistas foram ao vilarejo de Bosc-Roger-en-Roumois, com uma população de três mil habitantes, para filmar a casa de jardim bem cuidado onde Maxime Hauchard, de 22 anos, cresceu a um passo da igreja local. O seu tio, Pascal Hauchard, um caminhoneiro desempregado, contou que a família está a sofrer e que a sua avó está em estado de choque.

“Ele teve uma infância normal num lar normal”, afirmou ao jornal Le Parisien. “O que foi que levou o meu sobrinho a essa loucura bárbara?” A polícia francesa crê que Hauchard, que converteu-se ao islamismo na adolescência, é um dos militantes no vídeo das decapitações.

Numa entrevista concedida à TV francesa em Julho na Síria, Hauchard disse estar a preparar-se para participar de uma missão: “Ansiamos pela morte com alegria”, afirmou. Nascidos na Grã-Bretanha, os filhos de Ahmed Muthana eram religiosos, mas não mostravam sinais de interesse na guerra até o dia em que sumiram.

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