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Toma que te dou: “Falta ao Presidente Guebuza a humildade da sabedoria”, Pascoal Mocumbi*

– Senhor Pascoal Mocumbi, há um grande silêncio, que acaba por ser cúmplice, perante uma situação em que o nosso país está a degenerar! – Silêncio por parte de quem?

– Acho que uma das figuras que devia vir cá fora com maior vigor para evitar isso é o senhor Pascoal Mocumbi!

– Querias que vestisse peles como faziam os meus antepassados e fosse à praça dançar makhara, para perceberes que não estou em silêncio?

– Há pouco tempo o senhor apareceu na televisão a afirmar que a greve dos médicos era justa e que o Governo devia sentar-se com eles para resolver o diferendo. Agora o seu nome consta no rol dos subscritores de uma carta dirigida ao Presidente Armando Guebuza a pedir que este interceda no caso que já está a provocar mortes. Foi necessário que se chegasse a este ponto para se tomar uma posição pública?

– Fui educado para acreditar no bom senso das pessoas e no seu pragmatismo, mas, uma vez mais, enganei-me.

– Quando fala de bom senso está a falar concretamente do bom senso de quem?

– Infelizmente temos um Governo incapaz, que faz exactamente aquilo que faria um touro numa loja de loiça. O pior de tudo isso é que eles não sabem ouvir, pensam que as armas e as prisões podem resolver tudo, temos exemplos por este mundo fora de que as armas só vêm semear a morte e agravar as feridas sociais e humanas. Mesmo assim há aqueles que ainda teimam em querer atirar o povo para o precipício.

– Mas este Governo tem um timoneiro e parece-me que é sobre ele que estão a cair todas as acusações!

– O Presidente Guebuza está a semear ventos e, como tu sabes, quem semeia ventos colhe tempestades.

– Como é que se explica que o senhor Pascoal Mocumbi, sendo antigo camarada do Presidente, nunca se tenha sentado com ele para lhe dizer que está a arrastar o país para o sangue?

– Quem te disse que nunca falei com ele?

– Qual tem sido a reacção do chefe de Estado quando o aborda sobre estes perigos?

– Falta ao Presidente Guebuza a humildade da sabedoria. Ele é um homem muito inteligente, hábil, mas falta-lhe sabedoria, e uma das manifestações da sabedoria é saber ouvir. Infelizmente, o camarada Guebuza não sabe ouvir e, sendo assim, não pode ser um bom Chefe de Estado.

– Mário Machungo também disse isso numa palestra que proferiu recentemente! – Disse o quê?

– Disse que um bom dirigente é aquele que sabe ouvir. Afirmou que se inspirava em Samora Machel e em Joaquim Chissano porque, segundo ele, aqueles sabem ouvir. Não citou o nome de Guebuza, deixando implicitamente a mensagem que queria transmitir!

– Eu acho que o camarada Guebuza ainda vai a tempo de evitar o descalabro. São tantas as vozes que agora se levantam contra as suas posições e ele devia ter muito cuidado com o tigre das massas populares.

– Como é que pensa o seu camarada mais próximo, o senhor Joaquim Chissano, sobre esta situação em que o país se encontra?

– Eu tenho as minhas próprias convicções e Joaquim Chissano também tem as dele.

– Mas vocês têm conversado muito, conhecem-se bem e, por isso mesmo, é natural que ele já lhe tenha dito o que pensa sobre a actual governação!

– O que te posso dizer é que Chissano está muito preocupado com este cenário sombrio.

– Senhor Pascoal Mocumbi, vai continuar a erguer esta bandeira de revolta que está a ser aplaudida pelo povo moçambicano, e particularmente pelos médicos?

– Quando me meti na luta pela causa dos direitos dos moçambicanos, icei uma bandeira que se vai manter no mastro até ao dia em que todos usufruírem do bem-estar que Moçambique pode dar a todos, porque tem condições para isso.

*Entrevista fictícia

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