Duas facções militares rivais da Guiné-Bissau entraram em confronto na manhã desta segunda-feira na capital do país, Bissau, o que levou o primeiro-ministro a refugiar-se numa embaixada estrangeira, disseram à Reuters testemunhas e um diplomata. Moradores afirmaram ter ouvido disparos de armas automáticas e de foguetes na base militar de Santa Luzia, em Bissau. Não há relatos sobre vítimas.
“Aparentemente, é um desentendimento entre os comandantes do Exército e o da Marinha”, disse um diplomata baseado em Bissau, pedindo para permanecer no anonimato. “O primeiro-ministro buscou refúgio numa embaixada estrangeira.”
Uma fonte do setor de segurança da Guiné-Bissau, que também não quis identificar-se, disse que o conflito irrompeu depois da prisão do chefe do Estado-Maior do Exército, por ordem do comando da Marinha. Mas ele foi logo libertado pelas suas tropas, disse a fonte.
O comandante da Marinha, contra-almirante Américo Bubo Na Tchuto, negou ter conhecimento de uma ordem de prisão do chefe do Exército. “Hoje já faz uma semana que venho passando a noite em casa, e não no quartel. Fui informado da situação. Não tinha ideia do que estava acontecendo”, declarou Tchuto a jornalistas.
O presidente Malam Bacai Sanhá está a recuperar-se de um procedimento médico realizado em Paris. A sua doença e sua partida para a França em fins de novembro despertaram temores de um possível levante militar num país que passou nos últimos anos por vários golpes e assassinatos políticos.
A estabilidade permanece frágil na Guiné-Bissau, alimentada pela constante intromissão dos militares na política.