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Exército impõe toque de recolher após confrontos no Cairo

O Exército egípcio impôs na sexta-feira um toque de recolher noturno ao redor do Ministério da Defesa, no Cairo, depois de confrontos no local entre soldados e manifestantes contrários à junta militar do país, num incidente que deixou um militar morto e 373 pessoas feridas.

A multidão lançou objetos e insultos contra os soldados mobilizados para proteger o ministério, onde 11 pessoas foram mortas em confronto na véspera. Os manifestantes pediam o derrube do chefe da junta, marechal Hussein Tantawi, homem forte do país desde a rebelião que depôs o presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.

O Exército reagiu com jatos de água e gás lacrimogéneo, e a tropa de choque da polícia avançou sobre a multidão com cassetetes. Muitos manifestantes feridos foram retirados de moto, e dezenas de soldados ficaram feridos.

“Fora, marechal! O povo é perigoso!”, gritava a multidão. “Erga sua voz! A nossa revolução não vai morrer!”

A violência nas ruas acontece menos de três semanas antes de uma eleição em que pela primeira vez os egípcios escolherão livremente o seu governo, no ponto culminante de uma turbulenta transição desde o fim do regime de Mubarak.

A campanha está a ser marcada por mudanças de última hora na lista de candidatos, por divergências envolvendo a nova Constituição e por suspeitas de que os militares não irão abrir mão do seu poder após a eleição de um presidente civil.

Os soldados começaram a atacar os manifestantes quando estes passaram a cortar o arame farpado que isolava o prédio do ministério, no bairro de Abbasiya, na região central da capital. Os manifestantes arrancaram um tapume metálico de uma obra do metropolitano para construir uma barricada. Alguns gritavam que “Deus é grande”, enquanto helicópteros militares sobrevoavam a área.

O gás lacrimogéneo fez a multidão se dispersar pelas ruas, que ficaram cheias de pedras. Soldados bloquearam com blindados várias ruas entre Abbasiya e o centro do Cairo, e alguns davam tiros para o alto.

Um recruta morreu ao ser baleado na barriga, segundo nota do Ministério da Saúde divulgada pela agência estatal de notícias Mena.

“A multidão está vir para cá com armas contundentes. Temos cassetetes e jatos de água e gás lacrimogêneo para dispersá-la”, disse um comandante. “Alguns deles acreditam que, se matarem um soldado, irão para o céu. O que eles esperam que façamos?”

As autoridades detiveram mais de 170 pessoas suspeitas de atacarem militares, segundo o site do jornal estatal Al Ahram. O Ministério Público também determinou a prisão de pessoas acusadas de incitarem a um protesto anterior junto ao ministério, incluindo algumas personalidades conhecidas, disse o Al Ahram sem citar nomes.

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