Largas dezenas de antigos trabalhadores da Sena Sugar States (SSS), em Marromeu, na província central moçambicana de Sofala, aproveitaram a presença do Presidente da República na região, Armando Guebuza, para elevar o seu clamor pelas indemnizações a que se julgam com direito, supostamente devidas pelo Estado, na sequência da privatização da companhia.
Num ambiente dramático caracterizado, inclusivamente, por prantos, os antigos assalariados contaram ao PR, Armando Guebuza, que alguns dos seus colegas já morreram sem ter recebido as suas indemnizações, cuja liquidação deveria ser executada pelo Instituto de Participações do Estado – IGEPE.
“Até hoje, senhor Presidente da Repúlica, não estamos a ver nada. Quando soubemos que vinha a Marromeu a esperança renasceu, porque é a autoridade máxima do país e, certamente, vai mandar gente do IGEPE devolver o nosso dinheiro”, disse o septuagenário António Quembo, irrompendo em prantos, em pleno comício popular na localidade de Chupanga, em Marromeu.
Aparentemente comovido, Guebuza disse que os membros do Governo central e assessores do seu gabinete começariam de imediato a diligenciar para o esclarecimento e resolução do litígio, havendo legitimidade para tal.
Já na vila-sede de Marromeu, a Reportagem do Correio da manha ouviu o director-geral da Companhia de Sena, Stefane Isautier, que imediatamente chamou todo o seu staff da área dos Recursos Humanos para o seu gabinete para também o ajudar no esclarecimento do assunto, sublinhando, contudo, que após a compra da firma, “nós ficámos com alguns dos despedidos, mas outros foram indemnizados pelo IGEPE, só que mais tarde ouvimos que nem todos receberam o seu dinheiro, suspeitandose que tenha sido desviado por técnicos do IGEPE”.
Alguns dos reintegrados falaram ao Cm dizendo que estão a receber com regularidade os seus soldos mensais. No IGEPE ninguém se dignou dar algum esclarecimento durante uma semana de espera. Os reclamantes também submeteram uma petição à Assembleia da República que se limitou a sensibilizar os queixosos e a instituição a encontrarem uma solução negociada ou abrir-se um processo- crime nos tribunais contra o IGEPE.
A SSS foi abandonada pelo proprietário a seguir à independência de Moçambique (1975) e ficou sob gestão estatal, mais tarde foi reprivatizada a favor da Companhia de Sena de capitais franco-brasileiros que se propõem investir até 2014 140 milhões de dólares norte-americanos para modernização dos diversos sectores de actividade da empresa.