Uma juíza da Guatemala decidiu que o ex-ditador Efraín Ríos Montt poderá ser novamente julgado por ordenar um massacre que deixou 201 mortos em 1982.
Ríos Montt, de 85 anos, governou a Guatemala durante um período particularmente sangrento em 1982 e 1983, e já enfrenta outras acusações de genocídio e crimes contra a humanidade.
A magistrada Patrícia Flores disse, Segunda-feira, haver indícios suficientes vinculando Ríos Montt ao massacre de Las Dos Erres, uma das piores matanças em 36 anos de guerra civil na Guatemala.
Na ocasião, cerca de 20 soldados que haviam recebido ordens para procurar armas na aldeia vendaram, estrangularam, alvejaram e mataram moradores, e um recém-nascido foi morto a marretadas. Os corpos foram lançados num poço.
A defesa argumentou que Ríos Montt não estava presente no massacre, e por isso não pode ser acusado. A juíza entendeu, no entanto, que os soldados não agem se não receberem ordens.
A Guatemala vem tentando passar a limpo as atrocidades da guerra civil (1960-1996), na qual quase 250 mil pessoas morreram ou desapareceram.
Em Agosto, a Justiça condenou cinco ex-soldados a 6.060 anos de prisão cada, por envolvimento no massacre de Las Dos Erres. O período máximo de detenção na Guatemala é de 50 anos.
Ríos Montt começou a ser julgado, este ano, por outras acusações de genocídio, mas o processo está à espera do resultado dos recursos impetrados pela defesa.
Nesse caso, o ex-ditador é acusado de ordenar a morte de pelo menos 1.700 indígenas maias durante a repressão aos insurgentes esquerdistas.