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SELO: Tornar visíveis as crianças invisíveis, usando dados – por Dr. Koenraad Vanormelingen

Há 25 anos, o mundo fez uma série de promessas em prol das crianças, quando adoptou a Convenção sobre os Direitos da Criança. Prometemos à cada menina e menino o direito de sobreviver e ser saudável. Prometemos à cada criança o direito à educação, a um nome e a uma identidade.

Nós prometemos que nenhuma criança deve ser submetida à violência. Será que cumprimos o prometido? A única maneira de saber é usar os dados para ver de quão longe nós viemos, e para onde ainda precisamos ir.

As estatísticas mostram-nos que, tanto a nível mundial como em Moçambique, cada vez menos crianças morrem antes do seu quinto aniversário e mais meninas estão na escola. Embora esta seja uma boa notícia, os dados revelam também que, mesmo em Moçambique, demasiadas crianças são deixadas para trás. A sobrevivência materna e neonatal continua sendo um grande desafio e praticamente não houve nenhum progresso no que toca à diminuição da desnutrição crónica.

Apesar dos recentes progressos, apenas 64% das crianças estão totalmente vacinadas e 1,2 milhões de crianças em idade escolar estão fora da escola. Finalmente, houve uma rápida melhoria do registo de nascimento, mas metade das crianças menores de cinco anos ainda não estão registadas. Esta marginalização é muitas vezes escondida por médias estatísticas que mostram melhorias a nível mundial mas que mascaram as disparidades dentro das nações.

As crianças deixadas para trás tornam-se ‘invisíveis’. O novo relatório do UNICEF – A Situação Mundial da Infância 2014 em números: Todas as Crianças Contam – Revelando as disparidades, melhoram-se os direitos das crianças – faz a exposição de algumas desigualdades marcantes [cópia PDF do relatório em Inglês está disponível no link: http://weshare.unicef.org/C.aspx?VP3=PSR&PSID=2AM4GJTORZF].

As crianças mais pobres do mundo, por exemplo, são quase três vezes menos prováveis do que as crianças mais ricas de ter um parto com pessoal qualificado. Em Moçambique, persistem as grandes desigualdades geográficas, com a pobreza, o desenvolvimento humano e os resultados para as crianças sendo piores nas zonas rurais, e no norte e centro do país, em comparação com as zonas urbanas e o sul.

Algumas destas disparidades são muito grandes, como por exemplo, a mortalidade de menores de 5 anos, na Zambézia, que é mais do que duas vezes maior que a das províncias do Sul. Revelando estas disparidades permite-nos compreender as barreiras confrontadas pelas crianças, e desenhar e monitorar iniciativas que podem permitir superar tais barreiras.

Investir nas crianças é crucial para um desenvolvimento equilibrado e uma redução da pobreza a longo prazo. O relatório demonstra que as estatísticas são uma das mais poderosas ferramentas para conduzir-nos à acção, identificar lacunas, influenciar os decisores, e direccionar investimentos e intervenções para atingir as crianças mais vulneráveis.

As estatísticas tornam visíveis as crianças em maior risco – aquelas mais marginalizadas da sociedade. Cabe aos que tomam decisões a todos os níveis, do funcionalismo público até às comunidades de base, garantir que essas crianças – e todas as crianças – são concedidas oportunidades de desfrutar plenamente de seus direitos.

Ao celebrarmos o 25 º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, este ano, o UNICEF desafia o mundo a utilizar dados e evidências para inspirar o pensamento criativo e encontrar soluções inovadoras para os problemas mais urgentes confrontando as crianças. Este aniversário é um lembrete urgente das promessas que ainda têm de ser cumpridas – promessas que podem significar um mundo diferente para as crianças.

 

Escrito por Dr. Koenraad Vanormelingen, Representante do UNICEF em Moçambique

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