A economia dos Estados Unidos se contraiu pelo terceiro trimestre consecutivo e muito mais que o observado no trimestre anterior, com um retrocesso do PIB de 6,1% em ritmo anual, segundo cifras publicadas nesta quarta-feira pelo Departamento do Comércio.
É a primeira vez que o PIB americano cai por três trimestres seguidos. No trimestre anterior, a queda do PIB foi ainda maior, tendo chegado a 6,3%. Esta primeira estimativa de retrocesso da atividade americana em relação ao quarto trimestre de 2008 é muito superior às expectativas dos analistas, que trabalhavam com uma queda de 4,7%.
No entanto, a cifra se aproxima do antecipado por um dos diretores do Federal Reserve, o banco central americano, Richard Fisher, que advertiu que o PIB da primeira economia mundial corria o risco de ser tão ruim como no trimestre anterior, período durante o qual a economia se contraiu a um ritmo anual de 6,3%.
Os três meses de inverno boreal marcaram o terceiro trimestre consecutivo de retrocesso da atividade econômica americana, o que não acontecia desde 1974-1975. Esta situação resulta em boa parte da derrubada dos investimentos das empresas e a um consumo ainda não recuperado, que caíram 37,9% em ritmo anual, algo que não se via desde a primeira publicação das cifras do PIB sob sua forma atual em 1947.
A situação deve-se a uma redução nas exportações e aos maus resultados no setor comercial, em especial no de compra de imóveis. Só não foi maior porque houve ligeiras melhoras nos gastos por parte dos consumidores.
Segundo o relatório do Departamento do Comércio, houve uma queda de 30% nas exportações americanas, o que faz dela a maior queda desde 1969. A do último trimestre foi de 23,6%. No entanto, segundo o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, a queda de 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre não é “totalmente surpreendente”. “Não foi totalmente surpreendente, tendo em vista a maneira como a economia se enfraqueceu, particularmente no início do trimestre”, acrescentou.
Gibbs destacou, no entanto, que as cifras revelam também uma recuperação das despesas feitas pelas famílias pela primeira vez em dois anos, “o que é, em geral, uma boa estatística”. Mas “vamos provavelmente constatar centenas de milhares de perdas de emprego durante um certo tempo”, advertiu, confessando não saber se a economia nacional havia ou não “chegado ao fundo do poço”.
O relatório do Departamento de Comércio apresentou outras conclusões mais animadoras, como o índice de gastos do consumidor. O componente, que representa 75% da atividade econômica, teve um aumento de 2,2%, após ter sofrido queda considerável na segunda metade do ano passado.
Foi a primeira vez que este indicador registrou alta, após quatro trimestres seguidos de queda.