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EUA: novo sistema de saúde beneficiará mais laboratórios do que seguros

A reforma do sistema de saúde nos Estados Unidos será uma bênção para os laboratórios farmacêuticos, que se beneficiarão de milhões de clientes potenciais, mas seu impacto será menor para companhias de seguro.

A reforma aprovada no domingo e promulgada pelo presidente Barack Obama nesta terça-feira, permitirá ampliar a cobertura médica a 32 milhões de americanos que careciam de qualquer proteção. Esta lei “deverá ser positiva para os laboratórios farmacêuticos, já que milhões de pessoas vão poder comprar medicamentos agora”, destacou Kenneth Sperling, encarregado do seguro médico no gabinete do conselho em recursos humanos Hewitt Associates.

Em troca desta imensa fatia de mercado, os laboratórios “concederam descontos de 50% para as pessoas idosas no âmbito do programa federal Medicare (+ de 65 anos)”, acrescentou Sperling. O setor farmacêutico também aceitou pagar 23 bilhões de dólares em novos impostos no prazo de 10 anos para contribuir para o financiamento da reforma.

Este excedente de impostos alcança 20 bilhões no caso dos fabricantes de equipamentos médicos e 67 bilhões para seguradoras de saúde. As seguradoras também se beneficiarão da ampliação da cobertura médica para milhões de americanos. “Significa mais gente pagando prêmios de seguro”, explicou Sperling. No entanto, serão proibidos agora de rejeitarem o seguro a pessoas com doenças preexistentes, o que supõe uma grande incógnita para eles e gastos potencialmente maiores.

Entre os milhões de pessoas que a partir de agora terão cobertura também há uma grande parte que goza de boa saúde e pagará prêmios sem gerar muita despesa médica, razão pela qual “isto compensa”, acrescentou Sperling. Além disso, antecipando-se a eventuais despesas maiores devido à obrigação de segurar pessoas com doenças preexistentes, “muitas seguradoras de saúde aumentaram fortemente seus prêmios faz pouco tempo, com altas que às vezes alcançam 30%, 40%, 50%.

A questão é saber se haverá medidas corretivas” decididas pelo governo, destacou Marc Pado, analista da Cantor Fitzgerald. O texto atual não contempla um controle real sobre os preços que as seguradoras de saúde cobram, nem sobre os medicamentos, só combater as altas de tarifas “pouco razoáveis ou injustificadas”. “O que o governo espera é que a criação de bolsas de negociação de seguros médicos prevista gere um mercado competitivo que modere a alta de preços”, destacou Sperling.

O texto de lei prevê, de fato, criar em cada estado uma bolsa de apólices de seguro para promover a concorrência e, assim, tentar baixar os preços. Frederic Dickson, principal estrategista na Bolsa da casa de corretagem D.A. Davidson, estimou, apesar de tudo, que “a rentabilidade das empresas do setor se mantém em questão, já que o texto da lei inclui mecanismos de vigilância federais que poderiam limitar as taxas de aumento das apólices de seguro e a taxa de reembolso (dos seguradores) aos profissionais da saúde”. Mas os eventuais mecanismos de controle da alta de preços dos seguradores ou dos custos médicos ainda não foram definidos, o que representa a outra grande incógnita gerada pelo texto.

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