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Estrelas eram pagas para fumar

Estrelas eram pagas para fumar

Hollywood  

Não vão sendo já muitos os actores que hoje aparecem nos ecrãs a fumar – inúmeros estúdios de cinema baniram o tabaco por completo dos seus filmes -, mas houve uma “era dourada” em que praticamente todas as maiores estrelas de Hollywood fumavam. E não era de borla: documentos secretos das décadas de 1930 a 1950, agora revelados, provam que a indústria do tabaco pagou a actores e a actrizes célebres milhões de dólares para que fumassem.

 

Gary Cooper, Clark Gable, Joan Crawford, John Wayne, Spencer Tracy, Bette Davis, Henry Fonda, todos assinaram contratos secretos para promover o tabaco, de acordo com um artigo ontem publicado no jornal britânico Tobacco Control. “Os acordos comerciais entre a indústria do cinema e as empresas tabaqueiras existiram desde os primórdios do cinema”, sublinha um dos autores do artigo, Stanton Glantz, professor de medicina na Universidade da Califórnia, em São Francisco. Um dos principais documentos descobertos pelos investigadores é uma lista de pagamentos para o ano de 1937/38 da American Tobacco, fabricantes da Lucky Strike: o montante ascendeu a mais de 218 mil dólares – uns 3,2 milhões pelos valores de hoje – com estrelas como Cooper, Crawford e Gable a receberem o equivalente a 146 mil dólares cada um. 

 

Naquele período mais de 200 actores de Hollywood participavam em campanhas publicitárias das marcas de tabaco – dois terços deles fazendo parte dos 50 que conseguiam melhores resultados nas bilheteiras. Prestavam testemunhos, em anúncios publicados nos jornais, sobre como os cigarros os ajudavam a relaxar nos intervalos entre rodagens, elogiavam-lhes o sabor, ou mesmo, no caso de Wayne, que morreu de cancro do estômago, dizendo que o tabaco era bom para a voz. As promoções eram feitas quando estava para sair um novo filme e o título da película era mencionado no anúncio. Tratava-se de uma forma pioneira do muito lucrativo fenómeno actual de product placement, em que empresas de refrigerantes e cadeias de fast food ligam os seus produtos a um blockbuster ou a uma série de televisão. “Os estúdios usavam o tabaco para publicitarem os seus filmes, enquanto a indústria do tabaco usava Hollywood para vender as suas marcas e persuadir um público preocupado de que fumar não era prejudicial”, sublinha Glantz.

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