As actividades do Instituto Agrário de Chimoio (IAC), uma das instituições de ensino técnico de referência em Moçambique, estão sendo assoladas pela estiagem que afecta aquela região do país desde o princípio deste ano.
Apesar de ser um estabelecimento do ensino técnico agrário, o IAC não possui um sistema de regadio para cobrir os campos cultivados pelos alunos como parte das aulas práticas e cuja produção é posteriormente usada para o seu consumo diário.
Como consequência, na segunda época da campanha agrícola passada, a escola perdeu cerca de 60 por cento dos 34 hectares de milho que haviam sido cultivados.
“Havíamos cultivado 34 hectares de milho, esperando colher três toneladas por hectare, mas a produção reduziu para cerca de 1,2 tonelada por hectare por causa da estiagem. Não choveu, regularmente, em todo o primeiro semestre”, disse o director do IAC, Fernando Silva, falando a AIM, durante uma visita efectuada àquele estabelecimento de ensino técnico.
Por temer a perda de mais culturas, este ano a escola tenciona reduzir a área de cultivo de milho para 10-15 hectares e com isso evitar perdas enormes, em caso de estiagem.
Além disso, este estabelecimento de ensino tem vindo a reflorestar espécies abatidas ou destruídas por queimadas descontroladas, mas o desenvolvimento desse projecto tem vindo a ser condicionado pela chuva.
Segundo a direcção da instituição, o reflorestamento abrange um total de 7,5 hectares por ano, com cerca de 7,500 eucaliptos e pinheiros, mas o desenvolvimento destas plantas tem sido condicionado pelas chuvas.
A escola tem uma represa construída na década de 1980 e um sistema de captação e bombeamento de água, faltando um sistema de regadio principalmente para atingir as áreas mais distantes da estação de bombeamento.
Contudo, a mesma represa tende a ficar com cada vez menos água devido a seca. Além da agricultura e reflorestamento, o IAC possui outras actividades produtivas como a avicultura, com a criação de patos e frangos de corte e produção de ovos bem como ao nível da pecuária, criação de gado bovino, caprino e suíno, e piscicultura, ainda na fase inicial.
Igualmente, a escola possui uma moageira para o processamento de cereais. Estes meios servem como parte da formação dos cerca de 400 estudantes que ali frequentam os cursos de Agro-Pecuária, Floresta e Fauna Bravia, mas também são usados para o sustento da instituição.
Para os próximos anos, a instituição pretende investir cerca de seis milhões de dólares em diversos projectos, incluindo a construção de oito salas de aulas, um dormitório, uma pensão, bem como um sistema de regadio para reduzir a dependência da chuva na produção de culturas alimentares.
“Os nossos planos têm a ver com a elevação da qualidade do ensino. Queremos ser uma instituição de referência não só ao nível nacional, mas também na região e podermos receber estudantes de outros países. Mas para isso, é preciso mantermos a formação dos nossos professores, a construção e reabilitação de infra-estruturas”, disse Silva.
Segundo Silva, esses projectos serão financiados pelo Programa Integrado de Reforma do Ensino Profissional (PIREP), um projecto iniciado em 2009 pelo governo moçambicano visando contribuir para a melhoria de qualidade do ensino técnico.
Para o director nacional da Administração das Qualificações no Ministério da Educação (MINED), Castilho Amilai, o trabalho do IAC é mais uma prova existência de qualidade de ensino técnico no país.
“O IAC é uma instituição de referência no país”, disse ele, acrescentando que “a competência demonstrada pelos estudantes desta escola prova que o ensino em Moçambique é de qualidade e podemos ter uma base para nos compararmos com outras instituições homólogas existentes ao nível regional”.