As empresas algodoeiras que operam em Moçambique consideram o estado precário em que se encontram as vias de acesso como sendo um dos maiores constrangimentos que oneram as actividades de fomento e desmotiva os transportadores a colocarem as suas viaturas quer no aprovisionamento de insumos (sementes e pesticidas) quer no escoamento do algodão.
O problema coloca-se particularmente em relação às vias de acesso que ligam as zonas de produção do algodão às fábricas de descaroçamento e vem sendo levantado pelas empresas algodoeiras nos encontros internos do subsector, tendo o Ministério da Agricultura (MINAG) iniciado já contactos com Administração Nacional de Estradas (ANE) e com o Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH) para em conjunto discutir formas de resolver a questão.
Por seu turno, as missões do Instituto do Algodão de Moçambique (IAM) que fazem a monitoria da presente campanha agrícola têm constatado que ainda há muito trabalho a ser feito na melhoria das vias de acesso, embora esforços, quer das estruturas locais, quer das empresas algodoeiras em parceria com os produtores, estejam a viabilizar a transitabilidade precária das vias mais problemáticas.
Segundo o IAM, as missões de monitorias têm constatado também que as autoridades administrativas se empenham na mobilização dos camponeses para o aumento das áreas de cultivo de algodão, no âmbito da implementação da Estratégia da Revolução Verde e do Plano de Produção de Alimentos, em que o algodão contribuirá com a semente como matéria prima para a indústria de óleo alimentar.
Presentemente, está em curso o programa de inovação técnica e tecnológica, com destaque para o de sementes, onde todas as empresas algodoeiras adoptaram já as variedades progressivas concordadas no âmbito do sistema de sementes do subsector.
Contudo, o programa enfrenta dificuldades devido à falta de semente pura, que não é disponibilizada pela investigação. De igual modo, durante a monitoria tem sido realçado que a tracção animal deve ser extensiva a todos os distritos, pois representa um incentivo ao produtor de forma a aumentar as suas áreas de cultivo e diminuir paulatinamente o trabalho manual, por vezes extremamente penoso.
É necessário também que haja um plano de incentivos aos produtores para se sentirem motivados para o cultivo do algodão, sobretudo através da disponibilização de kits de tracção animal, crédito de campanha (em espécie e monetário), e concedidas facilidades de aquisição de instrumentos de produção.
Em relação ao programa de Maneio Integrado de Pragas do Algodão, foram já feitas avaliações dos resultados dos Campos de Demonstração de Resultados instalados nas empresas Pexus, em Montepuez (província de Cabo Delgado), SANAM, em Meconta, e FONPA, em Moma (Nampula), SAN/JFS, em Cuamba (Niassa), SAAM, em Alto-Molócue (Zambézia), CNA, em Maríngue (Sofala), estando estas empresas a finalizar a elaboração dos relatórios a serem submetidos ao IAM.
O programa está sendo implementado em parceria com o Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de Namialo e com a Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade “Eduardo Mondlane”.
Relativamente ao Programa de Tracção Animal, as missões de monitoria constataram que algumas empresas já iniciaram o programa, sendo de destacar a DUNAVANT, CNA EAVZ, Algodão de Moçambique e a SANAM.
No geral, o programa que até ao fim do III trimestre de 2008 beneficiava mais de 300 famílias, com o arranque deste projecto na SANAM e Pró-Maringue o número de famílias beneficiárias aumentou significativamente.
Entretanto, os preços de venda de fibra moçambicana, apesar de continuarem abaixo do desejado, têm vindo a registar um ligeiro crescimento nos últimos tempos, devido ao continuado melhoramento da qualidade de fibra, como resultado do programa específico introduzido pelo subsector há cerca de três campanhas, “porque a fibra de melhor qualidade é melhor paga e mais procurada para fabricação de tecidos de alta qualidade”.
Contribui também para este crescimento o facto de as empresas venderem rapidamente o algodão de ramas altas (valor superior) e deixar para a fase posterior a exportação do algodão de menor qualidade. Analistas consideram que haverá uma ligeira melhoria de preço internacional, consequência da diminuição da oferta de fibra e redução dos stocks nos principais países consumidores, bem como a deslocação de grandes produtores/ farmeiros de algodão para o subsector de biocombustíveis e de cereais para ração de gado, principalmente nos Estados unidos da América (EUA).