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Estado do Porto da Beira é bom

O Administrador Delegado da Cornelder de Moçambique (CdM), Carlos Mesquita, declarou, esta semana, em entrevista ao nosso jornal que o Estado do Porto da Beira é Bom. A Cornelder de Moçambique, uma empresa mista que envolve capitais públicos e privados nacionais e holandeses, é a concessionária da gestão do Porto da Beira desde Outubro de 1998, na sequência de um contrato com o Governo de Moçambique vigente por período correspondente a 25 anos e com a possibilidade de estender por mais 15 anos.

 

 

O Administrador Delegado da CdM, firma considerada a maior que actua no mercado da Beira, tanto do ponto de vista patrimonial e de volumes de investimentos e de negócios, falava ao O Autarca numa entrevista balanço das actividades desenvolvidas pela empresa no ano 2010. “O ano está a terminar e até aqui o Estado do Porto da Beira consideramos que é bom” – afirmou Carlos Mesquita, sustentando que “o tráfego comportou-se conforme havíamos previsto no nosso plano de actividades e orçamento para 2010”.

Moçambique lidera ranking dos utilizadores

Mesquita indicou que tanto a carga contentorizada como a geral, de Janeiro à Novembro deste ano comparativamente a igual período de 2009, ambas registaram crescimentos assinaláveis, na ordem de 17 e 37 por cento. “Nas nossas contas esse é um bom indicador” – sublinhou, para depois referir que no tocante ao manuseamento de contentores, do volume global registado no período em análise, 48 por cento tratou-se de carga contentorizada de Moçambique além mar; 25 por cento do Malawi, 17 por cento pertence ao Zimbabué e depois seguem-se com pequenas percentagens a Zâmbia e a República Democrática do Congo (RDC).

A fonte revelou ainda que a mesma proporcionalidade sucede em relação a carga geral, com Moçambique a liderar o ranking com 35 por cento do volume global; Malawi 28 por cento e Zimbabué 27 por cento.

Entrada de duas agências de navegação incrementa pressão

“É claro que esses níveis de crescimento trouxeram desafios enormes ao porto” – salientou, afirmando concretamente o surgimento recente de duas novas linhas de navegação que passaram a escalar o Porto da Beira, nomeadamente a Pacific International Lines (PIL) e a Emirates Shipings que conjuntamente com a CGM/ Delmas fazem escalas directas para o far east (China, Japão…) a partir da Beira.

Importa salientar que essa nova realidade é contrária a Maersk Line e a Mediterranean Shipping Company (MSC), dois agentes de navegação de referência mundial com tradição no Porto da Beira mas que continuamente utilizam-no em regime de cabotagem pré Durban. “Isto colocou pressão nas nossas operações pois os volume de importação e exportação subiram” – afirmou Carlos Mesquita.

O maior nó de estrangulamento que decorre dessa crescente demanda pelo Porto da Beira, entretanto, assenta sobre os sistemas de transporte, tanto Ferroviário como rodoviário. O nosso entrevistado referiu que infelizmente os sistemas de transporte que servem o Porto da Beira não tem tido a capacidade necessária, acentuando de modo particular o transporte ferroviário que tem sido bastante irregular.

Realçou que ao nível dos portos moçambicanos o planeamento das suas operações foi feito numa base proporcional de 75 por cento para os caminhos de ferro e 25 por cento para o transporte rodoviário. “Dada a inoperacionalidade que se verifica no sistema ferroviário centro, o transporte rodoviário representa neste momento cerca de 90 por cento”.

Ainda assim, segundo o entrevistado, dos 300 a 350 camiões que diariamente são manuseados no recinto da Cornelder, exceptuando os de combustíveis, não tem sido suficientes para dar vazão as necessidades. “Isso traz-nos problemas para as infra-estruturas porque o porto não foi desenhado para esse tipo de modelo de funcionamento, o que coloca desafios em termos de desenvolvimento em infra-estruturas adaptáveis à nova realidade”.

Por outro lado, disse que o operador ferroviário precisa se organizar para responder aos desafios que tem em frente, tendo anotado, infelizmente, vê-se pouco esforço nesse sentido.

Investimentos com equipamentos atingem USD 15 milhões em 2010

Quanto a factores internos, reconhecendo que na sequência de toda essa pressão o Porto da Beira acaba não conseguindo oferecer o mesmo nível de serviços que habituou aos seus clientes, Carlos Mesquita abordou a necessidade de melhoramento de certos aspectos organizacionais e acima de manuseamento de cargas, extensão das áreas de armazenagem de contentores e de outras cargas e o melhoramento da própria produtividade.

“Estamos comprometidos com esses desafios” – declarou, dando a conhecer a seguir ter sido por essa razão que o plano de investimento do ano prestes a findar contemplou 15 milhões de dólares para aquisição de equipamentos. Disse que o investimento está quase integralmente realizado, aguardando- se neste momento apenas pela chegada dos equipamentos. São equipamentos cuja fase de construção leva no mínimo seis a oito meses, conforme deu-nos a conhecer o Administrador Delegado da Cornelder de Moçambique.

A pressão no Porto da Beira começou a registar-se a partir de Agosto com a entrada das duas agências de navegação antes mencionadas, enquanto a encomenda dos equipamentos foi feita no primeiro semestre ainda de acordo com o Administrador Delegado da Cornelder de Moçambique.

Quanto a extensão das áreas de armazenagem O Autarca soube que o trabalho começou a mais de um ano. Cornelder tem visão sobre a dinâmica em curso e desafia empresariado local a investir em portos secos “Nós temos uma visão sobre a dinâmica das coisas, mas temos de aceitar que os equipamentos que são necessários não se constroem de um dia para outro” – afirmou.

Segundo a fonte, o fundamental neste momento é que a função tradicional do porto que é o manuseamento célere das cargas e de modo particular o atendimento aos navios tem estado a ser realizado e com algum nível de satisfação.

Carlos Mesquita disse ainda que há serviços que anteriormente se confundiam com as actividades do porto, enumerando os processos de empacotamento e desempacotamento de contentores que tendem a deixar de ser prática no recinto portuário, tendo para o efeito desafiado o sector empresarial local a investir na criação de portos secos, onde deve ser feita a consolidação e desconsolidação das cargas e onde devem aguardar pela chegada de navios e de transportadores terrestres. “Se nós admitíamos fazer isso no passado é porque não tínhamos o tráfego que temos hoje e também era para granjearmos o interesse dos utilizadores” – clarificou o Administrador Delegado da Cornelder de Moçambique, Carlos Mesquita, concessionária do Porto da Beira.

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