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“Estado da Nação é estável”, significa que está tudo na mesma em Moçambique

“Estado da Nação é estável”

Foto da Presidência da RepúblicaO Presidente Filipe Nyusi foi a Assembleia da República nesta quarta-feira(19) afirmar que em Moçambique está tudo na mesma: a pobreza mantém-se estável, continuam a faltar de salas de aulas para as crianças, a degradante situação nos hospitais mantém-se inalterável, o número de moçambicanos sem acesso a água potável e saneamento permanece fixo assim como os gastos em megalómanos, a inflação baixou mas o custo de vida permanece elevado… e até mesmo o esclarecimento das dívidas ilegais está em repouso.

“Aquilo que em 2015, 2016 e 2017 parecia uma simples citação do artigo de um pensador internacional, filósofo, quando dissemos que não estamos satisfeitos, somos resilientes, estamos firmes, em 2018 ficou provado. E porque estas conquistas alcançadas representam os pilares sólidos para a construção de uma Nação moçambicana próspera, com o realismo que nos caracterizou ao longo destes quatro anos, podemos afirmar com segurança que o Estado da Nação é estável e que nos inspira confiança”, este é o diagnóstico de Moçambique feito pelo 4º Presidente da República.

O @Verdade não sabe o que norteou a escolha do “estável” pela equipe presidencial mas no dicionário de língua portuguesa é um adjectivo de dois géneros que significa “1 não se desloca. 2 em repouso. 3 firme. 4 fixo. 5 seguro. 6 inalterável. 7 duradouro.”

Dicionário

Tendo em conta que na avaliação do Presidente Nyusi, Moçambique está “firme” desde 2016, ano em que a tradicional crise que os moçambicanos enfrentam desde o início do multipartidarismo agudizou-se após a descoberta das dívidas ilegalmente contraídas pelos governantes do partido Frelimo, o @Verdade entende que passados dois anos tudo está na mesma na “Pérola do Índico” como aliás a realidade todos os dias lembra a quem vive honestamente.

O número de pobres em Moçambique não reduziu e, segundo o Banco Mundial poderá ter aumentado em consequência da subida acentuada no preço dos alimentos, que chegou a ser de 40 por cento em Novembro de 2016. “Os aumentos substanciais nos preços dos bens básicos levaram à redução do consumo das famílias, principalmente nas zonas rurais”, pode-se ler no mais recente relatório da instituição financeira que continua a ser o maior doador do nosso país.

Na Educação, sector chave para o desenvolvimento de Moçambique e de qualquer outra Nação, o Chefe de Estado admitiu no seu Informe que está longe de suprir o défice de 32 mil salas de aulas: “expandimos a rede disponibilizando 1.207 novas salas de aulas, correspondente a um aumento de 3 por cento em relação ao ano anterior”.

O maior drama é no ensino secundário, como aliás o @Verdade revelou, das mais de 400 mil crianças que este ano estão a terminar o ensino primário do 2º grau apenas 21.955 serão admitidos na 8ª classe, portanto cerca de 5 por cento.

Dívidas ilegais “estáveis” na Procuradoria-Geral da República e no Tribunal Administrativo

Foto da Presidência da República“Construímos e reabilitamos 8.500 fontes de água dispersas nas zonas rurais (…) fizemos 90 mil ligações domiciliárias e construímos 150 fontanários públicos nas cidades e vilas” declarou o Presidente não admitindo que está até a falhar as metas pouco ambiciosas do seu Plano Quinquenal onde prometeu construir 51 sistemas de água em 2018 mas apenas 4 foram iniciados durante o 1ª semestre e as obras acabaram paralisadas “por falta de desembolsos do Orçamento do Estado”. Dos 211 quilómetros de redes de água que o Executivo de Nyusi previu serem expandidos apenas 4 quilómetros foram executados.

Inalterável permanecem os gastos em obras e acções que não são prioritárias para o povo como é o caso do Aeroporto do Xai-Xai que está a ser construído sem sequer existir um estudo da sua viabilidade. Porém, para o estadista moçambicano a capital da província de Gaza “merece e deve ter aeroporto” porque se equipara a capital do Quénia ou mesmo as cidades sul-africans, “não é por acaso que uma cidade como Nairobi tem dois aeroportos para não falarmos aqui da África do Sul”, justificou Filipe Nyusi.

“Compatriotas não são todos os países nem todos os dias que se inverte uma inflação de 25 por cento para 4”, vangloriou-se o Chefe de Estado que no entanto não referiu que essa situação só aconteceu porque Moçambique conseguiu a proeza de ser o único país do mundo a contrair dívidas violando a própria Constituição e ainda a esconde-la do Fundo Monetário Internacional.

Relativamente as dívidas ilegais das empresas Proindicus, EMATUM e MAM que precipitaram a crise que estamos a enfrentar o Presidente de Moçambique afirmou que as mesmas continuam “estáveis”, ou melhor em repouso, na Procuradoria-Geral da República e no Tribunal Administrativo sem data para serem esclarecidas e os seus mentores responsabilizados.

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