O líder de esquerda grego Alexis Tsipras prometeu que cinco anos de austeridade, “humilhação e sofrimento” impostos por credores internacionais estavam encerrados após a vitória de seu partido Syriza nas eleições realizadas no domingo.
Com 99 por cento dos votos apurados, o Syriza obteve 149 assentos no Parlamento de 300 membros, recebendo 36,3 por cento dos votos, 8,5 pontos acima do partido conservador Nova Democracia, do primeiro-ministro Antonis Samaras.
Tsipras deve realizar negociações nesta segunda-feira com o pequeno partido Gregos Independentes que, como o Syriza, se opõe ao acordo de resgate com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.
Tsipras, que ficou bem perto de conseguir uma maioria absoluta, será o primeiro líder de um governo da zona do euro comprometido a reverter a política de rigor fiscal implementada na Grécia como condição para receber o resgate em 2010.
“A Grécia deixa para trás a austeridade catastrófica, deixa para trás o medo e o autoritarismo, deixa para trás cinco anos de humilhação e sofrimento”, disse ele a milhares de apoiadores em festa reunidos em Atenas.
A vitória do Syriza é um marco da rejeição ao modelo adotado para as economias em crise da zona do euro defendido pela chanceler alemã, Angela Merkel.
O resultado da eleição na Grécia também deve fortalecer os pedidos por uma mudança na região para políticas que promovam o crescimento económico, em vez de cortes orçamentários.
O slogan de campanha do Syriza, “A esperança está a chegar!”, ressoou entre os eleitores, cansados dos cortes de gastos e aumentos de impostos ocorridos durante os anos de crise, período em que o desemprego subiu para mais de 25 por cento e milhões de pessoas foram lançadas à pobreza.
“Esperamos que nossas expectativas sejam cumpridas”, disse o professor Efi Avgoustakou, de 47 anos. “Na segunda-feira na aula não podemos comentar ou tomar partido, mas estaremos sorrindo.”
Os mercados financeiros reagiram com nervosismo à vitória de Tsipras, que prometeu renegociar a dívida da Grécia, temendo possíveis conflitos com outros governos da zona do euro que possam aumentar os problemas no bloco monetário.