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Esquerda fica com maioria no senado francês e atinge Sarkozy

O governo conservador do presidente francês, Nicolas Sarkozy, perdeu a maioria no senado para a esquerda este domingo, disseram autoridades locais, numa derrota histórica a apenas sete meses antes de eleição presidencial. Pela primeira vez desde 1958, o senado tradicionalmente dominado pela direita, virou-se para uma maioria de esquerda, devido a uma grande mudança da geração dos seus principais membros.

Os resultados iniciais das eleições indiretas mostraram que os candidatos da esquerda ficaram com pelo menos 23 assentos que eram do partido conservador, garantindo-lhes assim, a maioria absoluta.

A mudança para a esquerda, que Gerard Larcher, líder da UMP no senado descreveu como o acontecimento que terá consequências “sísmicas” antes da eleição presidencial em abril, gerou gritos de alegria de simpatizantes da esquerda, durante uma reunião em Paris. “O dia 25 de setembro de 2011, entrará para a história”, disse para a TV LCI, Jean-Pierre Bel, líder do grupo socialista no Senado. “Os resultados das eleições no senado significam uma merecida punição para a direita.”

A vitória da esquerda segue-se a uma série de vitórias dos candidatos socialistas nas eleições locais, nas mesmas regiões onde dezenas de milhares de autoridades municipais, com chamados de “super eleitores” nas pesquisas para o senado, votaram no domingo.

Um senado pendendo para a esquerda não será capaz de atrapalhar os planos legislativos de Sarkozy, mas a perda do antigo baluarte para a direita é um retrocesso simbólico, especialmente quando acontece ao mesmo tempo em que as pesquisas apontam resultados insistentemente negativos para ele. A popularidade de Sarkozy subiu ligeiramente nos últimos meses, mas ele continua sendo um dos menos populares presidentes franceses do pós-guerra e enfrenta uma dura batalha para a sua reeleição, numa eleição de dois turnos, marcada para abril do ano que vem.

Eleitores franceses estão deprimidos em relação as suas perspectivas econômicas, o desemprego continua alto e uma crise da dívida europeia levou a um minucioso exame das finanças públicas da França. Essas preocupações ofuscaram as vitórias na política internacional de Sarkozy, especialmente o papel da França na derrubada de Muammar Khadafi.

Valerie Pecresse, porta-voz do governo, minimizou o resultado das eleições, mostrando que Sarkozy manteve a maioria na Assembleia Nacional. “Isso não é, de jeito nenhum, um empecilho para o governo, pois, como vocês sabem, a Assembleia Nacional tem a última palavra.” “As eleições locais raramente favorecem o candidato à reeleição”, completou ela. “Perdemos algumas cidades e regiões e, matematicamente, houve um avanço para os super eleitores de esquerda.”

Mesmo que a câmara de deputados controle a legislação, uma derrota eleitoral é prejudicial para Sarkozy, nos últimos meses do seu governo, já que ele enfrenta uma disputa difícil pela reeleição contra François Hollande, o mais provável candidato socialista. “Essa vitória cria uma dinâmica… Se conseguirmos ganhar a presidência da república, depois de ganhar a presidência do Senado, isso será ótimo”, disse Hollande na TV LCI.

Não há nenhuma legislação importante que um senado de esquerda possa atrasar, mas perder a sua maioria lá pode enterrar o grande plano de Sarkozy, de conseguir incluir na constituição francesa uma lei de orçamento para equilibrar a dívida, uma medida que poderia ter sido uma ancora para a classificação AAA da França. O parlamento já aprovou um ajuste ao orçamento de 2011 para incluir um socorro maior para a Grécia, como acordado pelos países da zona do euro, em 21 de julho, e o orçamento de 2012 deverá ser aprovado sem maiores problemas.

Dos 170 assentos que serão disputados na eleição, o UMP tinha 147 de um total de 343, contra os 115 do Partido Socialista, antes da votação de domingo. Os resultados finais devem sair mais tarde, ainda no domingo. O número de assentos no senado será aumentado para 348, refletindo um aumento na população. Sarkozy deverá anunciar em novembro, que pretende concorrer a um segundo mandato, nas eleições de abril.

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