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Espera-se uma campanha agrícola boa em Moçambique, mas só na segunda época

Espera-se uma campanha agrícola boa em Moçambique

INAMEmbora esteja a chuviscar em algumas regiões a época chuvosa em Moçambique só inicia oficialmente em Outubro, todavia a chuva que deverá fazer brotar a comida que tanta falta nos faz só está prevista para Dezembro, segundo os meteorologistas. Há esperança de uma campanha agrícola boa mas só na segunda época, pois a seca que assola a região Sul deixou os rios com pouca disponibilidade de água, por isso o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) recomenda “sementeiras tardias e escalonadas com variedades do ciclo curto”, nas províncias do Sul, e “sementeiras tardias com variedades de ciclo médio e longo”, para as Regiões Centro e Norte. Entretanto não há sementes no mercado e existem somente 1361 extensionistas para assistir cerca de 3,8 milhões de explorações agro-pecuárias.

Depois do mais severo fenómeno climático El Niño dos últimos 50 anos e que originou a pior seca em décadas em várias regiões do globo “estamos a entrar para o La Niña de fraca magnitude entre Setembro de 2016 a Março de 2017”, explicou o meteorologia Berino Silinto no 3º Fórum Nacional de Antevisão Climática realizado na semana finda em Maputo.

A La Niña é provocado pelo arrefecimento anormal das águas do oceano Pacífico e leva à abundância da precipitação.

Porém, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia as chuvas ainda devem tardar no nosso País. Nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro estão previstas “chuvas normais com tendência para acima do normal em toda a extensão das províncias de Maputo, Gaza, Inhambane Manica, Sofala e Tete e a parte sul a centro da província da Zambézia” enquanto a norte da província da Zambézia e nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa há possibilidade de “chuvas normais com tendência para abaixo do normal”.

Essas chuvas previstas para os últimos meses de 2016 não deverão originar cheias ou inundação. “Na maior parte do território nacional, para o período Outubro, Novembro e Dezembro estamos a prever um risco baixo (de cheias) com a excepção de algumas bacias como do Umbeluzi, Incomáti, e Licungo” afirmou Agostinho Vilanculos, da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos.

E porque as bacias hidrográficas à montante, nos países vizinhos de Moçambique, estão de uma forma geral com níveis de armazenamento abaixo ou igual a 50%, e com escoamentos muito baixos, “as primeiras chuvas que vão caírem irão primeiro ser armazenadas pelas barragens(os países vizinhos têm dezenas de pequenas represas ao longo dos rios, que só escoam quando estão cheias) e só depois progressivamente, a partir do mês de Novembro deverão chegar a Moçambique”, acrescentou Vilanculos.

Recomendamos é que se façam sementeiras a partir de Dezembro, Janeiro, Fevereiro

INAMFace a impossibilidade dos meteorologistas preverem o dia exacto em que a chuva vai começar a cair o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar também não sabe dizer quando os camponeses, que fazem plantações em sequeiro, devem lançar as sementes à terra.

A interpretação que o MASA faz da previsão para o início da estação chuvosa é que na região Sul, o índice de satisfação das necessidades hídricas deverá ser baixo “na província de Maputo, sul das províncias de Gaza e Inhambane (70%), e moderado na parte central e alto ao norte das províncias de Gaza e Inhambane (90%)”.

Entre Outubro e Dezembro próximos, as províncias de Tete e Zambézia terão um índice baixo, “até 64% de satisfação das necessidades hídricas das culturas. As províncias de Manica e Sofala apresentam índice moderado a alto (71-100%) para a satisfação hídrica das culturas”.

Em igual período, nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e parte central da província de Niassa, o índice deverá ser muito baixo, “até 40% de satisfação das necessidades hídricas das culturas”.

Por isso Zulmira Mumino disse que o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar não recomenda “que se faça sementeiras em Outubro e Novembro porque não há garantias que a chuva satisfaça as necessidades hídricas das culturas. O que nós recomendamos é que se façam sementeiras tardias, a partir de Dezembro, Janeiro, Fevereiro, nessa altura já teremos mais chuva e poderá cobrir as necessidades hídricas das culturas”.

Continuam a existir apenas 1361 extensionistas e faltam sementes

Mas as recomendações do MASA não terminam por aqui, existem variedades de culturas recomendadas para cada região agrícola, assim como há medidas para garantir a sanidade vegetal, como prevenir das lagartas, do pardal-de-bico vermelho, dos ratos de campo, das pragas de gafanhotos entre outras maleitas que as culturas são sujeitas.

Foto MASAO Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar tem ainda recomendações para os criadores de gado, em função da satisfação hídrica de cada região, para o sector da irrigação e ainda para o sector de produção do cajú.

O desafio mais do que conhecido e reconhecido pelos participantes do 3º Fórum Nacional de Antevisão Climática é como fazer chegar estas informações atempadamente a todos os moçambicanos que trabalham a terra.

Apesar de todos os discursos e apelos ao aumento da produção de comida questões básicas como a falta de extensionistas rurais continuam por solucionar, de acordo com o MASA continuam a existir somente cerca de 1361 profissionais em todo País, número que cresceu em pouco mais de uma centena desde 1980, para assistir cerca de 3,8 milhões de explorações agro-pecuárias de pequena dimensão.

Por outro lado os camponeses, e mesmo os agricultores, não têm sementes. Devido a produção incipiente de sementes em Moçambique elas têm que ser importadas ora a crise económica e financeira está também a afectar a sua aquisição no exterior.

Zulmira Mumino confirmou que no momento não existem sementes mas o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar está a trabalhar para atempadamente garantir a sua disponibilidade.

Esta perspectiva de só haver boa produção alimentar da segunda época, plantar em Dezembro significa iniciar as colheitas em Março, preocupa ao Instituto de Gestão das Calamidades Naturais que tem estado a prestar assistência alimentar a cerca de 1,5 milhão de moçambicanos afectados pela seca em Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Manica, Tete e na Zambézia e, de acordo com o seu director-geral adjunto, só tem fundos para cobrir as necessidades até ao final do mês de Setembro.

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