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Especialistas da ONU apontam violações à trégua síria

Os investigadores de direitos humanos da ONU disseram, esta Segunda-feira, que receberam relatos de bombardeios e prisões por forças sírias depois do cessar-fogo, além das execuções de alguns soldados capturados por rebeldes, embora o grau da violência tenha em geral diminuído.

A equipe chefiada pelo especialista brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro disse esperar que a trégua obtida pelo mediador internacional Kofi Annan seja mantida e ajude a pôr um fim às flagrantes violações dos direitos humanos documentadas nos últimos seis meses pelos investigadores.

Mas a comissão de inquérito para a Síria, cujo mandato concedido pela Organização das Nações Unidas expira em Setembro, reiterou que os autores de atrocidades precisarão de ser submetidos à Justiça.

A trégua na Síria entrou em vigor, Quinta-feira passada, e a comissão disse estar preocupada com os relatos de vários incidentes desde então, incluindo bombardeios a vários bairros em Homs e o uso de armas pesadas noutras áreas.

“A comissão está também preocupada com relatos de novas prisões, especialmente em Hama e Aleppo”, disse o grupo, sem dar detalhes.

A comissão, que se reporta ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, não recebeu autorização para entrar na Síria, mas entrevistou centenas de refugiados e testemunhas no país e no exterior e examinou vídeos, fotos e alguns documentos governamentais.

“A comissão também continuou a receber relatos de abusos dos direitos humanos cometidos por grupos armados anti-governo envolvidos na luta contra o Exército sírio, durante e depois do cessar-fogo, incluindo assassinatos extra-judiciais de soldados capturados durante os confrontos armados”, afirmou o relatório.

Segunda-feira, vários soldados com boinas azuis começaram a implantar uma presença da ONU no coração da crise síria, prevendo o sucesso da sua missão para estabilizar um precário cessar-fogo de quatro dias, período em que os foguetes continuam a ser disparados.

Pinheiro e a especialista norte-americana que anteriormente dirigiu a UNRWA (agência humanitária da ONU para os palestinos), Karen AbuZayd, conversaram, semana passada, com Annan.

O terceiro integrante da comissão, Yakin Erturk, abandonou-a, mas a equipe de Pinheiro é auxiliada por 12 investigadores e especialistas.

“As pessoas estão a ser expulsas de bairros inteiros, em vez de individualmente. Parece ser uma nova fase no comportamento dos militares. Em vez de as pessoas serem tomadas como alvo por causa de acções ou por estarem em manifestações, bairros inteiros estão a ser bombardeados em todo o país”, disse AbuZayd ao telefone à Reuters.

“Aldeias inteiras já foram abandonadas, ninguém está lá.”

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