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‘@Verdade da Manhiça: Escola ao serviço do povo?

“Somos uma escola ao serviço do povo. Disponibilizamos um ensino de qualidade virado ao profissionalismo. Oferecemos emprego aos melhores estudantes, e ainda com transporte garantido” (publicidade do ISTEG num espaço empresarial, numa dessas televisões).”

Parece-me que o Instituto Superior de Tecnologias, Economia e Gestão, se autodefine e rejubila por ser uma escola ao serviço do povo por garantir necessariamente uma educação de qualidade (entenda-se formação académica), oportunidade de emprego, e ainda transporte aos seus brandos estudantes.

Até que por essa via podemos aceitar que aquela instituição de ensino está efectivamente ao serviço do povo. Sim porque nutre os seus educandos de uma formação académica de qualidade, oferece emprego e os livra do crónico problema de transporte.

Aliás, estes três pontos colocam-se como os maiores desafios com que o país se bate hoje tanto que quando surge uma instituição com esses pacotes resolvido é de se congratular. Na verdade a grande inquietação reside nos termos e condições exigidas para alguém se fazer àquela escola. Os requisitos.

Um pacato pai, aquele que se sente verdadeiramente parte do povo cujo salário é mínimo e se debate com estes problemas, ao ver a publicidade do ISTEG pode sentir os seus problemas quase resolvidos, mas ao aproximar-se para obter mais informações, é capaz até mesmo de pegar alguma doença cardiovascular.

É que os preçários praticados por aquela instituição de ensino secundário e superior, exuberantes em larga medida, excluem à primeira, e de qualquer modo, o pacato cidadão. Se não o excluem, apertam-no a fazer grandes contas da vida, a exercitar-se e muito e, ainda, a falar a dobrar. Isto é, estudar naquele instituto superior, estendido ao ensino secundário geral, não é para qualquer um.

Por outro lado, muitos dos transportes de que o ISTEG se vangloria de ter, que são os queresolvem o problema do seu povo,são pertencentes à extinta empresa pública Transportes Públicos de Maputo (TPM) e à Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO). Os mesmos operam sempre à hora da ponta no sentido de garantirem a ida e saída dos estudantes do ISTEG, os designados povos.

O engraçado neste ponto é que enquanto o verdadeiro povo se debate com a falta de transporte e se empilha nas paragens à procura de um transporte que o leve ao seu destino, onde se chega a optar pelas carinhas de caixa aberta que não oferecem sequer segurança, pondo em risco vidas humanas, o povo servido delicia-se com os autocarros privatizados que até, visivelmente, não lhes cabem por serem poucos transportados para muitos transportadores.

Neste ponto, excluindo a FEMATRO e se entender que os TPM são autocarros do Governo, não percebo porque se admite este absurdo. Não percebo também o porquêde se alugar uma frota considerável de autocarros ao ISTEG nas horas de ponta se o verdadeiro povo, esse o maravilhoso, que é o objecto e propósito dos TPM passa, sente e vive na pele este velho e crónico problema de transporte e ainda inabilitado de ingressar no ISTEG.

Bem, até que essas são entrelinhas de um outro problema que se coloca. Na verdade, quero mesmo com todo o apreço possível, recomendar ao ISTEG que mude o slogan, pois este, o actual, entra em choque e ofende o maravilhoso povo.

E como mandam as regras, criticar e deixando sugestões, sabendo que nada sei e não entro de modo algum nisso, sugiro que se adopte o seguinte slogan: ISTEG, uma escola ao serviço das elites.

Só para fechar sem abrir espaço para que os créditos caiam em mãos alheias no debate sobre qualidade de ensino, duvido por esta via de publicação, quantos serão os estudantes que efectivamente terão o gosto de ler este artigo e/ou formularem uma opinião seja contrária ou a favor do mesmo? Isto é, posso estar a pôr em causa o hábito de leitura e escrita dos muitos estudantes visados neste artigo.

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