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Equipes perdem as esperanças de encontrar mais sobrevientes no Haiti

Uma semana depois do violento terremoto que devastou o Haiti, deixando até o momento 70.000 mortos, a esperança de encontrar sobreviventes diminuía entre as equipes de resgate. Segundo a Agência de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, mais de 90 pessoas foram resgatados vivas dos escombros. “Essas notícias são sempre boas.

Os socorros e nossos esforços de ajuda se concentram nas zonas da periferia de Porto Príncipe, até agora inacessíveis aos socorristas”, afirmou a porta-voz do agência, Elisabeth Byrs. À medida que o tempo passa, tornam-se mais raros os casos de pessoas que são resgatadas com vida, e os feridos continuam chegam em massa aos poucos centros de atenção médida operacionais, onde se sucedem as operações de amputação. “Há inúmeros casos de gangrena.

As amputações são em série. A partir do sexto dia começam as cirurgias radicais, pois não se pode fazer mais nada”, explica Hans Van Dillen, chefe da missão da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF). Actualmente a urgência é evitar uma catástrofe sanitária. Devido à falta de água potável e à ausência de sanitários, os riscos de epidemia aumentam esponencialmente.

O número de mortos continua aumentando no país, que decretou luto nacional de 30 dias. Pelo menos 70.000 corpos foram enterrados em valas comuns, segundo o secretário de Estado para a Alfabetização, Carol Joseph.

As forças norte-americanas acreditam que o número de mortos pode chegar a 200.000, aproximando-se do balanço do tsunami de 2004 no Oceano Índico (220.000 mortos). O terremoto deixou também pelo menos 250.000 feridos e 1,5 milhão de pessoas sem teto. “É como se tivesse explodido uma bomba atómica”, descreveu o embaixador dos Estados Unidos no Haiti, Kenneth Merten.

A alimentação é outro problema. Um total de 105.000 rações alimentares foram distribuídas nesta segunda-feira através do PAM, Programa de Alimentação Mundial, e de organizações humanitárias dominicanas, informou Joseph.

“Distribuímos, também, 20.000 barracas e começamos a construir abrigos para acolher de 100.000 a 150.000 pessoas; estamos também preparados para instalar água em todos os refúgios”. A Organização internacional para as migrações (OIM) estima que 200.000 famílias, ou seja, um milhão de pessoas, precisem de um abrigo com urgência. O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, enviado ao Haiti, defendeu na segunda-feira o ritmo da entrada de ajuda externa, apesar do aumento da preocupação com a demora da chegada dos carregamentos.

“Não, não acredito que os países tenham sido lentos a intervir”, declarou Clinton, encarregado por Barack Obama, junto com o também ex-presidente George W. Bush, de conduzir uma campanha para recolher doações para o Haiti.

Assim que chegou, Bill Clinton, acompanhado da filha Chelsea, foi ao hospital geral de Porto Príncipe onde constatou a situação caótica dos feridos muito numerosos. “Estão fazendo um trabalho remarcável em vista das dificuldades a que estão confrontados”, afirmou Bill Clinton à AFP. Apesar das condições lamentáveis em que se encontra o hospital, com carência de medicamentos básicos, Bill Clinton destacou que a ajuda ao país segue em ritmo aceitável.

Os Estados Unidos lideram missão humanitária internacional no país, onde, os distúrbios e os saques somam-se à demora na entrega de víveres e água. A segurança também representa um problema sério para as autoridades, pois o desespero dos flagelados somado à acção de marginais foragidos das cadeias que desabaram tornam o clima na capital altamente perigoso.

Segundo o secretário da Defesa norte-americano, Robert Gates, as tropas americanas no Haiti desempenharão um papel de apoio às forças de manutenção da paz das Nações Unidas, mas não assumirão missão mais ampla de manutenção da ordem. As mais de 5.000 tropas mobilizadas no Haiti depois do terremoto da semana passada contribuirão para os esforços de resgate, mas Gates pareceu descartar uma operação mais ampla de manutenção da paz.

“Não ouvi falar em nenhum momento que tenhamos um papel de polícia”, acrescentou. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por sua vez, pediu ao Conselho de Segurança que aumente em 3.500 efetivos as forças de paz no Haiti. Ban apresentou um informe nesta segunda-feira sobre a situação no país que, antes, tinha uma força internacional de 9.000 homens, incluindo 7.000 militares de 18 nacionalidades, dos quais várias dezenas morreram na catástrofe.

Entre os mortos figuram o chefe da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), Hedi Annabi, de nacionalidade tunisiana, e o diplomata brasileiro Luiz Carlos da Costa. Pelo menos 46 efetivos da ONU no Haiti morreram no terremoto e 500 estão desaparecidos, informou Martin Nesirky, porta-voz do secretário-geral da ONU.

Por fim, a primeira reunião sobre a reconstrução do Haiti, realizada na segunda-feira em Santo Domingo, afirmou que serão necessários 10 bilhões de dólares nos próximos cinco anos para reconstruir o país. A reunião foi presidida pelo presidente haitiano René Preval e pelo dominicano Leonel Fernández, que insistiu na necessidade de uma “convergência internacional” para que o impacto da ajuda humanitária “surta o efeito desejado”.

“Temos visto que o Haiti talvez precise de uns 2 bilhões de dólares por ano”, afirmou Fernández após o fim da reunião. “Estaríamos falando de um programa de cinco anos de 10 bilhões de dólares”, esclareceu.

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