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Sepultamento de Bin Laden seguiu tradição islâmica, diz autoridade

O corpo do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, foi lançado ao mar a partir da plataforma de um porta-aviões norte-americano no Mar Árabe, depois de ser lavado seguindo a tradição islâmica, e teve um funeral religioso, disse uma autoridade da Defesa dos EUA esta segunda-feira. A escolha do mar como sepultura, no entanto, foi considerada inadequada por diversos cléricos muçulmanos.

“Os preparativos para o sepultamento no mar começaram à 1h10 local e foram encerrados às 2h”, disse a autoridade. “Os procedimentos tradicionais para o enterro islâmico foram seguidos.”

“O corpo do falecido foi lavado e colocado em um lençol branco. O corpo foi colocado num saco com peso.

Um oficial militar leu os comentários religiosos que foram traduzidos para o árabe por um nativo da língua. Depois que as palavras foram pronunciadas, o corpo foi colocado numa tábua plana, inclinada para cima, e o corpo do falecido foi atirado ao mar,” disse o oficial.

O temor de que a sepultura de Bin Laden pudesse tornar-se santuário também foi descartada como sem fundamento, uma vez que o islamismo proíbe a construção de monumentos fúnebres – daí porque até os reis da Arábia Saudita são enterrados em covas sem identificação.

Um porta-voz do centro Al-Azhar, alta autoridade intelectual do islã sunita, foi enfático ao afirmar que o sepultamento no mar é um procedimento que vai contra as determinações islâmicas. “Se é verdade que lançaram o seu cadáver ao mar, o islã é completamente contrário”, declarou Mahmud Azab, conselheiro do grande imã Ahmad Al Tayeb para o diálogo interreligioso, à agência de notícias France-Presse. “O islã não aceita a imersão no mar, apenas o enterro”, enfatizou.

Contudo, há algumas raras exceções em que o procedimento é permitido, ressalva Mahmud Azab, como em casos de vítimas de naufrágio. Sites ligados à religião e citados pelo jornal britânico The Guardian reiteram que a prática é muito rara entre os muçulmanos, mas citam que isso seria possível também caso houvesse risco de que a sepultura fosse cavada por inimigos do morto, cujo corpo pudesse ser mutilado.

Especialista em estudos islâmicos de Al-Azhar, a universidade mais prestigiada entre os sunitas, Abdel Moti Bayumi, alerta que a decisão dos Estados Unidos de dar esse fim ao corpo de Osama bin Laden pode dar a seus seguidores outro motivo para vingarem-se dos EUA e dos seus aliados. “Gostaríamos que a sharia (lei islâmica) tivesse sido respeitada no enterro, apesar de não estarmos de acordo com o que ele fez e pensarmos que deformou o islã”, salientou.

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