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Emancipação da mulher um dos maiores feitos em 35 anos de independência nacional

A política de emancipação da mulher moçambicana, abraçada com determinação pela FRELIMO no início da luta contra o colonialismo português, e que será exaltada pelas próprias mulheres e por nós, seus filhos, no Dia da Mulher Moçambicana que se assinala quarta-feira, é um dos maiores feitos, senão o maior, registados ao longo dos 35 anos da nossa independência nacional, cuja celebração inicia também a 7 de Abril com o lançamento da Chama da Unidade, pelo Presidente Armando Guebuza, em Nangade.

Na altura, ao tomar a decisão de promover a emancipação da mulher e sua libertação do jugo colonial e dos machistas que as viam como meras peças de prazer e reprodução, a FRELIMO tornou-se, por mérito próprio, numa das poucas organizações político-militares que, quebrando as trevas da época, apercebeu-se imediatamente de forma clara que só libertando o povo mulher estaria assegurada a própria libertação do povo homem que é um dos lados desta, digamos, moeda que chamamos povo moçambicano.

Com esta ousada deliberação, a Frelimo começou a desfazer, paulatinamente, a visão errada dos referidos machistas, que se julgavam superiores às mulheres e proprietários absolutos das suas esposas porque ignoravam a sábia revelação de Ralph Waldo Emerson, de que os próprios homens são o que são graças as suas mães os geraram. Isto quer dizer que, todo o menino que nasce e cresce numa boa mãe, isto é educado e emancipado, será um bom futuro homem, tal como preconizava o antigo estadista francês Napoleão Bonaparte.

Foi impelida por esta visão de que as mães têm um papel inestimável na modelação positiva de uma sociedade, que a FRELIMO proclamou que o sucesso da luta pela independência nacional dependia fundamentalmente do sucesso da emancipação das mulheres moçambicanas. Assim, com um empenho abnegado as próprias mulheres tudo fazerem para ir quebrando as barreiras coloniais e machistas que as impediam de desempenhar a sua quota-parte no país, fazendo sentir a sua presença em todas as frentes que a luta de libertação impunha a todos os moçambicanos, independentemente do seu sexo.

Hoje, volvidos apenas quase 50 anos, a mulher moçambicana quebrou as amarras e já desfruta da luz do sol, estando presente em todas as esferas da vida, onde no passado era repelida com fúria e desdém. A emancipação da mulher foi determinante para o avanço da luta de libertação. O mesmo sucede, agora, com o desenvolvimento do país e, mais uma vez, prova-se que as mulheres são, de facto, como Ann Oakley dizia, as guardiães dos seus filhos, bem como os moldadores do seu carácter e da sua personalidade, ao mesmo tempo que são os árbitros do seu desenvolvimento.

Oakley teve uma visão sábia, sendo prova disso o facto de que mesmo os grandes líderes deste mundo terem confessado publicamente que tudo o que são e fizeram, o devem às suas mães. Assim confessou o arquitecto da nossa independência, Dr. Eduardo Mondlane, quando disse que foi sua mãe que o instou a estudar muito, para que descobrisse o feitiço dos brancos que os permitia perpetuar o seu sistema colonial. Outro grande líder que fez a mesma revelação foi o antigo estadista norteamericano, Abraham Lincolin, ao dizer que “tudo o que sou ou espero ser, devo-o à minha angélica mãe”.

Na sua confissão, este antigo compatriota de Barack Obama – que neste caso foi quem teve a sagrada e louvável decisão de lutar, de armas em punho, contra a escravatura que dizimava o povo negro nos EUA e noutros cantos do globo, vincou que “recordo-me das rezas da minha mãe, e sempre me seguiram, apegando-se em mim, por toda a minha vida”. Outra grande personalidade que passou por este mundo, John Wesley, disse que “a minha mãe foi a fonte, a partir da qual, aprendi todos os princípios que me guiam na minha vida”.

Uma análise do que as mulheres são e valem, levam-me a concordar com um dos maiores estudiosos do chamado sexo fraco, o académico português Augusto António de Castilha, ao proclamar, há mais de 300 anos, que a mulher é uma Escola Natural e que educá-la é um duplicado e proveitoso dever, porque, para além da sua própria educação, ela replica com naturalidade o que aprendeu, porque é dela que nasce à sua imagem e semelhança, todo o outro povo, o povo homem.

Este académico português foi mais longe e justo ainda para com o que ele chamava de povo mulher, ao proclamar que no dia em que todas as mães poderem ir à escola para juntarem a sapiência natural de que lhes é intrínseca, já o mundo terá sido salvo de uma vez para todas. Isto porque ele chegara à conclusão que as mulheres são a tal Escola Natural, o que é secundado por Dorothy Canfield Fisher, ao dizer que uma mãe não é uma pessoa para dela se aprender, mas uma pessoa que faz da aprendizagem desnecessária, porque ela ensina-nos de forma natural, muitas vezes sem se dar conta disso.

De facto, o poder das mulheres em moldar esse outro povo à sua imagem e semelhança é tal que inspirou um provérbio judeu, que reza que quando Deus se apercebeu que não podia estar ao mesmo tempo em todos os sítios, optou por fazer as mães para estivessem em Seu lugar. Esta virtude das mães levou Amos Branson Alcott, a dizer que na casa onde há uma mãe, as coisas aceleram-se bem ou acontecem com velocidade máxima.

Isto dá razão a Balzac, quando diz que as mulheres são mais fortes que os homens, e que a sua fraqueza é apenas aparente. O que prova a grandiosidade das mães e a sua capacidade de incutir nos filhos o sentido de luta e heroísmo justos, é a revelação de um dos grandes heróis do nosso tempo, Nelson Mandela, quando afirma que foi sua mãe quem lhe incutiu a coragem e capacidade para não se deixar derrotar mesmo quando foi condenado à pena perpétua.

Mandela conta que quando o juiz pronunciou a pena, a sua mãe aproximou-se dele e disse que nunca devia perder a esperança, porque no dia que fizesse isso, seria o seu verdadeiro fim. Ele diz que foi este conselho que o manteve forte e firme na cadeia, até a sua libertação volvidos 27 anos, para depois ser proclamado Presidente da África do Sul.

Na verdade, não há nada como uma mãe, como dizia-me há uns dias, o meu colega e amigo Refinaldo Chilengue, que diz estar em dívida com sua mãe pelo homem que ele é hoje, o que é lhe secundado pela célebre revelação do fundador da nação norte-americana, George Washington, segundo o qual, tudo aquilo que ele foi deve-o à sua mãe. “Atribuo todo o meu sucesso na vida à educação moral, intelectual e física que recebi dela”, dizia Washington.

Depois de tudo o que aqui plasmei, será que ainda há quem nega que o que nós homens somos, o devemos às nossas mães, que é o mesmo que dizer, às mulheres? Basta dizer que é de seus ventres que viemos. Tudo isto basta para venerarmos o povo mulher.

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