A população do posto administrativo de Motaze, no distrito de Magude, a norte da província de Maputo, está agastada por causa da escassez de água potável, exiguidade das instituições ensino secundário, falta de transporte, dentre outras infra-estruturas básicas e meios que não podiam faltar para a sobrevivência de um ser humano.
Em contacto com o @Verdade, alguns residentes de Motaze narraram que os seus filhos passam por muitas dificuldades para continuar a estudar após a conclusão da 7ª classe. É que para ingressar numa escola secundária é preciso deslocarem a vila de Magude.
Aliás, da 8ª a 12ª classe, os filhos das populações pobres, em Motaze, hospedam em casa de famílias “desconhecidas”, onde há escolas por perto. Esta situação, segundo uma das mães com quem falámos, faz com que as raparigas engravidem e, como consequência, desistem da instrução. Maria Francisco manifestou a sua indignação em relação a este problema, uma vez que o futuro das várias meninas fica comprometido.
A senhora disse-nos ainda que para evitar a gravidez indesejada em virtude de as raparigas viverem em casas de famílias “desconhecidas”, os pais preferem, pese embora deveras difícil por falta de meios, custearem as despesas diárias de transporte de casa-escola e vice-versa. O percurso é de 38 quilómetros, o qual não pode ser feito a pé.
Relativamente ao transporte, sem meias-palavras, os moradores de Motaze afirmaram, preocupados, que daquele posto administrativo para a vila de Magude “temos apenas cinco carros em circulação, isso só acima das 08 horas.”
Em relação à água para o consumo, a situação é crítica tal como acontece noutros distritos do vasto Moçambique. O dilema dos que vivem em Motaze é imensurável: “consumimos água do rio, onde tomamos banha e, por vezes, defecamos, o que nos prejudica em termos de saúde”, eis a confissão de uma população que se considera ter sido abandonada por Deus.
