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Em abono d´@ Verdade – A bronca

Quando se anuncia que a corrupção em Moçambique desceu no “ranking” das nações onde ainda prolifera esse modo de vida e quando no meio de todo este turbilhão noticioso e jurídico que tem como figura principal o processo “Aeroportos de Moçambique”, dos seus efeitos na sociedade moçambicana pelo “calibre” dos réus envolvidos e que ali reclamam a sua inocência, eis que, em caracteres mais pequenos, uma denúncia aparece e que, a ser verdade e a ser provada, deixem que vos diga, será uma bronca de todo o tamanho.

E digo isto porque lá na Europa, que tem o hábito de se assumir como mãe de todas as virtudes, Portugal, em 2007/2008, conheceu caso idêntico: escolas de condução, exames de condução e cartas de condução. Um prestigiado semanário que às segundas-feiras está nas bancas, dando voz às Escolas de Condução de Maputo denuncia, na sua última edição, o Instituto Nacional de Viação (INAV) acusando de “vender cartas de condução e promover acidentes que diariamente ceifam vidas de dezenas de moçambicanos nas estradas do país”. Assim mesmo, tal e qual, e o sublinhado é nosso.

Porque a peça em questão, que parece ser assinada pelo seu director- geral, recuso aceitar que se trate de uma qualquer “picadela venenosa” do animal invertebrado artrópode que lhe dá o nome mas, sim, de coisa muito séria e que, por ser assim, o principal responsável do jornal entendeu chamar a si. Depois, no miolo da notícia, todo o rol de acusações e lamentos por parte das Escolas de Condução ouvidas, mas nunca referidas, como também nem sequer o nome dos seus autores, porque solicitaram o anonimato.

Em minha opinião, quanto a esta prática, não estamos perante um caso de protecção das fontes da notícia mas, sim, protegendo quem tem medo de mostrar a cara e prefere deixar o odioso da questão para o jornalista coisa que, comigo, não cola. Mas, adiante. Portanto, digníssimo Ministério Público, como a denúncia aí está, força a averiguar da sua veracidade. Até me provarem o contrário, devo confessar, pelos casos de que fui tendo conhecimento, que, nestas coisas de corrupção na obtenção fraudulenta de cartas de condução, o primeiro passo parte sempre da escola de condução que, com isso, pretende mostrar a sua eficiência através do número de alunos seus que são aprovados em exame. Sempre foi assim e disso os casos são inúmeros, para não dizer às dezenas, ou que, até dada altura, foi prática quase corrente.

Ou seja, nisto da obtenção de cartas de condução, por forma irregular, em minha opinião, as escolas de condução não estão isentas do pecado. Normalmente, a bronca surge quando uma das partes, por alguma razão, “rói” o esquema. Que fique claro que não pretendo ver aqui nem o INAV como santinho ou as escolas denunciadoras como estando cheias de razão ou sem ela. Mas que a minha opinião, relativamente a elas, não é boa, ai disso podem crer que não é. Se analisarmos o sentido prático do assunto em questão, comecemos por reparar como mal se conduz nesta Maputo que fervilha de trânsito, de carros prestes a cair de podres e até de táxis onde o cliente chega a ser solicitado a empurrar.

Quando não se respeitam sinais de STOP e outros; quando se fica parado em pleno cruzamento impedindo a circulação contrária; quando se estaciona sobre passeios empurrando os peões para as faixas de rodagem; quando se buzina por tudo e por nada, por vezes até de noite; quando … quando…, será isso culpa absoluta do INAV ou, em primeira análise, deficiência no ensino que foi ministrado? Em algumas destas irregularidades eu já vi, serem protagonistas, carros de instrução com alunos no seu interior.

Em abono d’@ Verdade, sempre que surgem conflitos destes, envolvendo estas partes, seja aqui ou na Conchinchina, logo me vem à mente aquele adágio popular: diz o roto ao nu: porque não te vestes tu? Mas, também, seja dito, em abono d’@ Verdade, que não há fumo sem fogo.

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