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Mundial 2014: eliminação precoce é o fim de uma era para Espanha

A chocante eliminação da Espanha do Campeonato Mundial, esta quarta-feira (18), sinaliza um final vergonhoso para uma fase brilhante de seis anos, durante os quais a nação ibérica dominou todos diante de si, arrebatando o seu primeiro título mundial e enfileirando troféus europeus.

O primeiro grande sucesso espanhol veio no Campeonato Europeu de 1964, e depois os adeptos amargaram mais de quatro décadas de promessas vazias que finalmente terminaram com a vitória de 1 x 0 sobre a Alemanha na final da Euro 2008.

Vicente del Bosque assumiu o cargo do falecido técnico Luis Aragonés depois do triunfo em Viena, e o sucesso continuou. A equipa erguida ao redor de talentos como o capitão e goleiro Iker Casillas, os meio-campistas Xavi, Xabi Alonso, Andrés Iniesta e Cesc Fábregas e os atacantes David Villa e Fernando Torres deu sequência com as vitória no campeonato de 2010 e na Euro 2012.

Del Bosque só precisou de fazer um ajuste aqui e ali na equipa e, com uma série de campeões comprovas teoricamente ainda próximos do auge das suas carreiras, a Espanha era vista por muitos como tendo uma bela chance de se tornar uma das três nações a defender o seu título com sucesso, como a Itália em 1938 e o Brasil em 1962.

Mas não era para ser. O torneio dos espanhóis começou de forma chocante, quando a Holanda lhes infligiu sua pior derrota num Mundial em mais de 60 anos na surra de 5 x 1 da estreia – doce vingança dos holandeses pela derrota na final de 2010.

Del Bosque manteve a calma no meio dos maus augúrios dos jornais desportivos espanhóis, como fez quando a Espanha sofreu uma derrota surpreendente de 1 x 0 para a Suíça na África do Sul quatro anos atrás.

Ele fez algumas mudanças na equipa para a partida desta quarta-feira contra o Chile, tirando Xavi e escalando o atacante Pedro e recolocando o zagueiro central Gerard Piqué ao lado de Javi Martínez. Mas a Espanha simplesmente não esteve à altura da tarefa, e os sul-americanos pareceram mais famintos e bem preparados, saindo com uma vitória de 2 x 0 merecida.

Foi, de certa maneira, apropriado que o fim do triunfo espanhol na elite do futebol tenha coincidido com o dia em que o rei Juan Carlos renunciou formalmente para entregar o poder ao seu filho, o príncipe Felipe, depois de um reinado de 39 anos.

Reconstrução

A escala do fracasso espantoso da Espanha pode ser medida pelo facto de que em 19 partidas rumo à conquista da Euro 2008, os campeões mundial e europeu só sofreram seis golos, um a menos que no Brasil em meros dois jogos. A tarefa de Del Bosque agora é redescobrir o seu toque mágico e reconstruir a equipa antes de defenderem a sua coroa europeia daqui a dois anos.

Muitos dos jogadores que ajudaram a Espanha a tornar-se uma das selecções mais bem-sucedidas na história do futebol, como Casillas, Xavi e Alonso, quase certamente não estão presentes no torneio na França, e há uma série de joves pretendentes à espera da sua chance. David De Gea está a ser preparado para assumir o golo, e Koke, que entrou como reserva no intervalo, esta quarta-feira, é visto como sucessor natural de Xavi.

Del Bosque também irá contar que o atacante Diego Costa, nascido no Brasil, repita parte do que mostrou para ajudar o Atlético de Madri a conquistar seu primeiro título espanhol em 18 anos e chegar à final da Liga dos Campeões na última temporada.

Jogadores como Fábregas, Sergio Ramos, Martínez, Pedro e Busquets ainda têm muito a oferecer, e os zagueiros Jordi Alba e Cesar Azpilicueta estão nos estágios iniciais das suas carreiras internacionais. Para os adeptos, ficam as lembranças de seis anos gloriosos no topo do mundo.

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