O Egito vai realizar novas eleições parlamentares depois de as alterações à Constituição suspensa do país forem aprovadas em referendo, decretou o chefe de Estado interino, esta Segunda-feira (8), estabelecendo um prazo que poderá abrir caminho para eleições legislativas em cerca de seis meses.
Umas eleições presidenciais deverão ser convocadas depois que uma nova Câmara Legislativa for formada, segundo o decreto, que também estabeleceu um período de quatro meses e meio para as alterações à controversa Constituição que foi aprovada em Dezembro.
Essa Constituição foi suspensa na semana passada quando o Exército depôs o presidente islâmico, Mohamed Mursi, depois de grandes protestos populares contra o seu governo. O decreto deu ao chefe de Estado interino o poder de emitir leis depois de se consultar com um governo que deve ser formado em breve e até que um novo Parlamento seja eleito.
O decreto também manteve um artigo que está na Constituição do Egito há décadas que define os princípios da lei islâmica, a sharia, principal fonte da legislação do país. No que pareceu ser um gesto a partidos islâmicos, o decreto também incluiu mais da linguagem controversa colocada na Constituição no ano passado por islamistas e que definiu os princípios da sharia.
Os Liberais e cristãos opuseram-se ao artigo que, como vários outros, deu ao texto um tom islâmico. Porta-vozes da coligação liberal Frente de Salvação Nacional e o segundo maior grupo islâmico, o Partido Nour, que concordaram com o roteiro de transição apresentado pelo Exército, disseram que precisavam de tempo para ler o decreto e consultar as suas lideranças antes de se pronunciarem.