Enquanto o Governo de Moçambique vai privilegiando o futebol, com os resultados que são conhecidos, nos Campeonatos Mundiais de Atletismo que decorrem no Qatar a jovem Edmilsa Governo conquistou mais uma medalha e estabeleceu um novo recorde africano. A atleta paraolímpica continua a treinar com poucas condições no nosso país enquanto aguarda por uma bolsa que permita lutar pelo ouro olímpico.
No estádio Suhaim Bin Hamad, na cidade de Doha, a nova menina de ouro de Moçambique correu os 400 metros da final, na categoria T12 para deficientes visuais, em 58 segundos e 68 décimos, classificando-se na terceira posição e levando a medalha de bronze.
A final foi ganha pela recordista olímpica, Omara Durand, que ainda estabeleceu em 53 segundos e 05 décimos o novo recorde mundial, a cubana também considerada a atleta com deficiência mais rápida do planeta. A segunda posição foi para a ucraniana Oxana Boturchuk, medalha de prata nos Jogos Paraolímpicos de Londres e de Beijing.
Edmilsa não pára de melhorar os seus tempos. Já havia batido o recorde africano na eliminatória que lhe deu acesso à final.
Nestes “Mundiais” a jovem atleta moçambicana, que continua a clamar por uma bolsa do Estado que lhe permita melhores condições de preparação num país onde se treine a sério, correu ainda nas provas dos 200 metros e 100 metros, não tendo passado da eliminatória.
A corredora paraolímpica, que já tem os tempos mínimos para participar nos Jogos do Rio de Janeiro no próximo ano, continua a aguardar por uma bolsa da solidariedade olímpica internacional.
Recorde-se que no ano passado o Comité Olímpico de Moçambique atribuiu bolsas a seis atletas (Kurt Couto, Alberto Mamba, Creve Machava, no atletismo, Jannah Marith, na natação, Maria Manuela, no boxe, e Neuso Sigauque, no judo), que não têm o mesmo palmarés de Edmilsa, nem têm estado a registar progressos nas suas modalidades.
Não são transparentes os critérios usados pelo Comité Olímpico nacional na atribuição de apoios a atletas com futuro promissor. O caso mais grave é o da bolsa atribuída ao corredor Kurt Couto que está em final de carreira, com 30 anos de idade, e não tem obtido resultados satisfatórios nas mais importantes provas do atletismo africano e mundial.