No âmbito de um novo modelo de gestão adoptado pela Electricidade de Mocambique, decorrem,entre os dias 16 e 28 de Julho em curso,reuniões de prestação de contas aoConselho de Administração por parte das diferentes unidades orgânicas que compõem a estrutura da empresa.
Este modelo de gestão tem como pressupostos o Contrato Programa assinado com o Governo, e o Plano Estratégico definido para o sector de energia. Na sequência da assinatura decontratos internos entre as Unidades Orgânicas e o Conselho de Administração, aquelas obrigam-se a prestar contasdas suas actividades,assegurando,destemodo, que os Indicadores de Desempenho definidos sejam cumpridose garantindo, consequentemente,a execução da principal missão da empresa.Para o efeito estão programadostrês sucessivos encontros. O primeiropara hoje e amanhã em Lichinga, aseguir em Quelimane nos próximosdias 21 e 22, e, por último, entre os dias 27 a 28, na cidade da Matola. Não cabe num artigo de jornal o que pode ser matéria para uma extensa tese de doutoramento. Confunde-se frequentemente escola com o edifício. A escola tem a ver com o que se ensina e se aprende, como se ensina e como se aprende, seja numa sofisticada sala equipada com os aparelhos mais modernos, ou à sombra de uma mangueira, ou nas largas estradas da Internet. O cenário será o mal menor e o como e o quê os bens maiores. A escola do futuro não será, no essencial, muito diferente da de hoje, pois não esqueçamos que a instituição Escola manifesta tendências conservadoras muito persistentes. No entanto, algo terá de mudar. Cabe-lhe, sem dúvida, continuar a cumprir os seus objectivos essenciais, tais como, ensinar a ler, a contar, a escrever, a pensar, a consolidar a identidade nacional, a cumprir as políticas educativas definidas pelo Ministério da Educação, a garantir a aprendizagem de um tronco comum de saberes e de habilidades iguais para todos os cidadãos. Contudo, isso não poderá significar imobilismo, mas, antes, a obrigação de um esforço de actualização e de permanente estudo e investigação. Também os responsáveis pela educação devem estar conscientes das reformas que terão de introduzir para tornar o ensino mais eficaz. Por exemplo, hoje não se pode conceber uma realidade igual para todo o território, o que implica uma maior autonomia dos estabelecimentos de ensino de modo a poderem responder aos desafios locais. Dito de outro modo, a realidade em que se insere a escola citadina é diferente da da escola rural, assim como o contexto do litoral é diferente do do interior. Seria asneira pensar-se que se defende a definição de vários tipos de escola, consoante as características da comunidade que serve. Não é verdade. O que defendemos é que a escola possa desenvolver projectos que promovam o desenvolvimento das comunidades a que pertencem. Por exemplo, é impensável não dar às escolas rurais a oportunidade de preparar as pessoas para o aproveitamento dos recursos naturais transformando-os em oportunidades de riqueza. Às vezes, até parece que é humilhante trabalhar a terra. Todos querem ser doutores e desempenhar lugares de fato e gravata, usando a caneta e a língua, sem sujar as mãos, mesmo que isso implique fome e abandono. Eis um desafio importante para a escola do futuro: a aposta na mudança das mentalidades, devendo aprender- se que todos são imprescindíveis socialmente e que todos podem construirse individualmente, seja qual for a profissão que exerçam. O estatuto social de um advogado não pode superiorizar-se ao de um camponês, tanto mais que aquele também beneficiou dos impostos deste. Uma outra reforma urgente tem a ver com os programas e os conteúdos. Há disciplinas que têm de acrescentar-se, como há conteúdos que devem reformularse. Não se pode deixar de ensinar, hoje, a história e a antropologia das cidades, a ecologia crítica, a astrofísica, a geopolítica, a história das ciências, assim como a introdução mais cedo da problemática do questionamento filosófico. As novas matérias implicam um conhecimento mais actualizado de como apareceu o universo e o homem, o que levará a que os alunos comecem mais cedo a interrogar-se acerca da sua origem, da sua identidade, do seu lugar no mundo, do seu destino. A mundialização obriga ao aprofundamento do conhecimento das pessoas e dos seus problemas. Como podem ignorar-se, por exemplo, os danos colaterais do consumismo? A sociedade da banda larga é também a sociedade das alienações e das perdas de identidade, pelo que a aposta no desenvolvimento do espírito crítico deve ser outra das prioridades da escola. Uma outra ideia que a escola deve assumir é a de sensibilizar os alunos para o facto de que o homem nada pode fazer acerca do destino da terra e do sol, por exemplo, mas que pode fazer muito, no imediato, para salvar o seu habitat. Um dia o sol vai apagar-se, como já aconteceu a tantas estrelas, a terra vai desaparecer, como já aconteceu com tantos outros planetas. Aí, o homem não pode interferir, mas pode e deve tudo fazer para preservar a natureza, para investir no aproveitamento das riquezas naturais que foram colocadas à sua disposição, em vez de se aplicar a destruí-las, criando o vazio à sua volta. Não vamos alargar-nos mais, pois já estamos a abusar do nosso espaço. Deixámos algumas ideias, com a certeza de que muito mais haverá a dizer. Mais autonomia para as escolas, mudança de mentalidades, introdução de novos conteúdos, desenvolvimento do espírito crítico e, enfim, uma profunda mudança na pedagogia ( não se pode, por exemplo, continuar a ensinar a geografia, a história, as ciências naturais, a física, a química, a filosofia, as línguas, como antigamente), eis, para já, um conjunto de caminhos que poderão ajudar-nos a entrar no futuro.