Uma minuciosa sindicância às contas da antiga direcção geral do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) que esteve sob batuta de Abílio Mussane, ora expulso do Aparelho do Estado, deverá iniciar entre finais de Fevereiro corrente e início de Março de 2010.
O trabalho será feito por uma comissão integrando economistas, juristas e contabilistas, segundo Rogéria Muianga, directora-geral do INSS, esclarecendo que o mesmo trabalho incidirá sobre as contas e relatórios da antiga direcção, cobrindo 2004 e 2008, “e cada situação a ser encontrada será anexada na conta onde ocorreu”, explicou Rogéria Muianga, falando, esta quinta-feira, em entrevista exclusiva ao Correio da manhã.
Sobre o valor exacto desviado, a directora-geral do INSS disse não ter sido possível até ao momento a sua alteração, “talvez esta equipa a ser constituída dentro de dias é que irá apurar no decurso do trabalho que vai fazer”, explicou ainda ao jornal. Até à demissão de Mussane tinha-se apurado o valor global de nove milhões de dólares norte-americanos, havendo informações díspares indicando que o mesmo é bem superior àquele montante.
Irregularidades apuradas
Numa das contas já auditadas pela empresa KPMG apurou-se haver dificuldades na disponibilização da totalidade das reconciliações bancárias do INSS que iriam permitir a confirmação da existência e exactidão dos saldos bancários evidenciados nas demonstrações financeiras daquela instituição. “Face ao volume e natureza das transacções, não nos é possível confirmar a existência e exactidão dos saldos bancários, porque até 31 de Dezembro de 2006 não havia sido disponibilizada a totalidade das reconciliações bancárias”, parte das citações do relatório dos auditores independentes da KPMG sobre as dificuldades encontradas.
Taipo
Uma outra refere-se ao pedido dos saldos bancários que “não recebemos respostas ao nosso pedido de confirmação directa e independente dos saldos e outras informações relevantes relativamente ao Standard Bank, Banco Comercial e de Investimento, Banco Internacional de Moçambique, African Banking Corporation, Barclays Bank, First National Bank e Procredit”.
Entretanto, a ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo, apelou à nova direcção do INSS no sentido de acabar urgentemente com “casos de arrogância, prepotência, insubordinação e da falta de responsabilização dos seus autores” que se vinham registando no Instituto Nacional de Segurança Social.
Ela falava, esta quinta-feira, em Maputo, na cerimónia de tomada de posse de Adelino Buque e Eduardo Macuácua, como membros do Conselho de Administração do INSS, indicados pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), isto depois de o Primeiro- Ministro, Aires Aly, ter, há duas semanas, conferido posse a Inocêncio Matavele, como Presidente do Conselho de Administração (PCA) da mesma instituição.