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Economia encolheu mais 1,5% nos últimos três meses, clima económico das empresa em recessão em Moçambique

Economia encolheu mais 1

Gráfico do Instituto Nacional de EstatísticasA crise que o povo moçambicano sente nos bolsos e na barriga é cada vez mais visível nas estatísticas oficiais, nos últimos três meses a economia encolheu mais 1,5%, mantendo a tendência decrescente que regista desde Julho de 2015 quando registou um crescimento de 7,8%, segundo o Instituto Nacional de Estatística(INE) “o Produto Interno Bruto a preços de mercado(PIBpm) apresentou no II Trimestre de 2016 um crescimento em termos homólogos de 3.7%, apontando para um crescimento médio no semestre de cerca de 4.4%”, face a média de 7% nas últimas duas décadas. Paralelamente o clima económico das empresas “registou uma recessão ao prolongar o seu perfil descendente pelo terceiro trimestre consecutivo situação que traduz a conjuntura económica desfavorável no período de referência” indica o INE.

De acordo com publicação Contas Nacionais de Moçambique do INE, o desempenho da actividade económica no segundo trimestre de 2016 é atribuído em primeiro lugar ao sector secundário que cresceu 9.4%, “com maior destaque para o ramo da construção com uma variação de 13.6%”.

Diga-se que a construção em Moçambique é dinamizada por obras do Estado de grande dimensão mas que são de prioridade duvidosa e que ainda contribuem em grande medida para o aumento da dívida pública, tais são os casos da ponte Maputo – Katembe, a nova sede do Banco de Moçambique, entre outras.

“O sector terciário ocupa a segunda posição com um crescimento de 4.8% induzido pelos ramos dos transportes, armazenagem e actividades auxiliares dos transportes, e informação e comunicações com uma contribuição conjunta de 4.8%. Um crescimento também positivo de 3.9%, é registado no sector primário impulsionado pelo ramo da indústria de extracção mineira com uma variação de 10.6%” embora com uma ligeira redução, de 0,4%, em relação ao trimestre, indica a publicação do Instituto Nacional de Estatística que estamos a citar.

O ramo da agricultura, pecuária, caça, silvicultura, actividades relacionadas e pesca, que no primeiro trimestre registou um crescimento de apenas 1,6% cresceu para 3,1% e por isso “teve maior participação na economia com um peso no PIB de 26.6%, seguido dos ramos dos transportes armazenagem e actividades auxiliares dos transportes, e informação e comunicações com uma contribuição conjunta de 12.3 %”.

Esta tendência recessiva, agravada com a descoberta dos empréstimos secretamente contraídos com aval ilegal do Estado, acontece enquanto a inflação não pára de aumentar e o metical continua a desvalorizar-se em relação às principais divisas, nesta quinta-feira(18) o dólar norte-americano foi vendido acima dos 80 meticais e o rand da África do Sul ultrapassou os 5,50 meticais.

Perspectiva de emprego em queda desde o último trimestre de 2015

Entretanto o sector privado não parece fazer muita fé na eficácia das medidas que o Governo de Filipe Nyusi tem tomado para inverter a crise económica e financeira e que se traduzem no Orçamento de Estado que foi revisto e aprovado em Julho.

“Relativamente ao primeiro trimestre, o agravamento do indicador do clima económico foi influenciado, principalmente, pela tendência drástica de queda da confiança no comércio por grosso e a retalho e manutenção de veículos automóveis bem como da avaliação negativa na produção industrial (transformadora e extractiva), de electricidade e água. Os agentes económicos da construção, de alojamento, restauração e similares e ainda dos outros serviços não financeiros registaram ténues descidas da sua confiança na actividade, contrariamente aos empresários de transportes e armazenagem que acreditam que o sector teve um andamento positivo” mostram uma outra publicação periódica do Instituto Nacional de Estatística, os Indicadores de confiança e de clima económico.

Gráfico do Instituto Nacional de EstatísticasAlém disso, “o indicador da perspectiva da procura continuou a sofrer quebras no segundo trimestre de 2016 facto que ocorreu pelo quarto trimestre consecutivo. A previsão não abonatória da procura foi influenciada pelos contributos negativos do indicador em todos os sectores inquiridos, com excepção do ramo empresarial de transportes e armazenagem que registou uma previsão de aumento substancial da procura agregada no mesmo período em análise”.

De acordo com o INE, “o indicador de perspectiva de emprego continuou a tendência descendente que regista desde o último trimestre de 2015, tendo-se posicionando abaixo do saldo observado nos últimos dez trimestres da respectiva série temporal. A deterioração das previsões de emprego deveu-se à avaliação desfavorável do indicador no comércio, na produção industrial e nos outros serviços não financeiros no período de referência. Contrariamente, os sectores de construção, alojamento, restauração e similares registaram uma previsão favorável do emprego futuro face ao sector de transportes e armazenagem cuja perspectiva de emprego foi de estabilidade”.

O chefe do Departamento de Recursos Minerais na Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia de Tete, Portásio Aurélio, que revelou recentemente que no ano passado 3937 trabalhadores da industria mineira foram despedidos naquela província, 2348 dos quais eram funcionários da Vale Moçambique.

Estranhamente, e porque o sector está atravessar um período de crise devido a redução dos preços do carvão que é extraído em Moatize, no mesmo espaço temporal o Governo registou 8.266 novos postos de trabalho sem no entanto clarificar em que empresas surgiram esses novos empregos.

Uma investigação do @Verdade apurou que os mais de 300 mil postos de trabalho que o Executivo de Filipe Nyusi afirma ter criado na realidade não existem pois foram contabilizados como postos de trabalho empregos sazonais e precários, que remuneram abaixo do salário mínimo e não garantem a segurança social dos trabalhadores.

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