Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Duplica número de homens espancados pelas próprias esposas

O número de homens agredidos pelas próprias mulheres em Manica, Centro de Moçambique, quase duplicou nos últimos três anos, com mais de 300 casos registados só este ano, a fé de fonte policial.

Dados estatísticos indicam que de Janeiro a Março de 2011 mais de 366 queixas deram entrada no Gabinete de Atendimento à Mulher e Criança Vítimas da Violência Doméstica (GAMCVD), ligado à Polícia da República de Moçambique (PRM).

No período homólogo de 2010, segundo a mesma fonte, 248 homens denunciaram maus-tratos protagonizados pelas próprias mulheres, que resultaram em agressões físicas, violência sexual e tortura. Em 2009, 185 casos foram registados pela instituição.

“O número de homens que vêm denunciar violência tem vindo a aumentar. Eles ainda sentem o poder de superioridade, mas estão a ficar sensibilizados para meter queixa. Nós estamos contra a violência e não contra quem quer que seja”, explicou Paciência Nhampimbe, chefe do GAMCVD em Manica.

Segundo a responsável, a violência contra os homens é justificada como uma “forma de controlo e de demarcação de limites, de fixação dos comportamentos e de atitudes no lar”, acrescentando que “os homens denunciam os casos quando já estão fartos da convivência coerciva no lar”.

Nhampimbe apontou o ciúme, falta de confiança, desentendimento no lar e falta de assistência a crianças, após o divórcio, como os motivos mais indicados para as atitudes agressivas.

Perseguido mesmo já no outro lar “Abandonei a casa porque o clima era insuportável. Mesmo na nova casa a minha mulher decidia vir bater-me, se me atrasasse a pagar as despesas dos nossos filhos. Para parar com isso tive que recorrer à Polícia”, contou Matias Boni, com o braço ao peito, na fila do atendimento.

Segundo Nhampimbe, as mulheres têm pouca habilidade para expressar os seus sentimentos em resposta à violência dos homens, e “nalgumas vezes quando reagem em retaliação à violência dos homens acabam sendo agressivas demais”.

“Eu estava cansado de levar porrada, e já levei pontos na cabeça. Decidi queixar-me para parar a situação, se não um dia a minha mulher ainda me mata”, disse Lourenço Maquina, entre sorrisos e a afirmação que agora paga a pensão dos filhos na justiça.

A cultura de Moçambique leva a mulher a ser ensinada a obediência e dedicação à família, enquanto no homem há “uma masculinidade hegemónica que é construída a partir do controlo das mulheres”, referiu Nhampimbe.

As actividades do GAMCVD cobrem actualmente todos os dez distritos da província de Manica, incluindo algumas esquadras da capital, Chimoio.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!