Há duas décadas, George Holliday, presumidamente um dos primeiros jornalistas cidadãos, pegou na sua câmara e filmou o espancamento, por polícias, do taxista americano Rodney King. Uns anos depois, os quatro acusados pela agressão foram absolvidos, causando uma série de manifestações em Los Angeles e incentivando o jornalismo cidadão, que agora ganha força com as novas tecnologias.
Como escreveu Tony Hicks no Contra Costa Times, “antes do vídeo de Rodney King, o jornalismo ainda estava nas mãos de jornalistas treinados… Agora, qualquer pessoa, no lugar certo e na hora certa, pode capturar algo que faça a diferença”.
Steve Myers discute como o jornalismo cidadão mudou nos últimos 20 anos, ressaltando que, hoje, as ferramentas são mais baratas, fáceis de usar e omnipresentes. Em 2011, Holliday provavelmente usaria o seu celular para filmar o espancamento e divulgaria as imagens no YouTube. Embora Myers não mencione o Facebook ou o Twitter, Holliday possivelmente também usaria essas redes sociais para espalhar as notícias.
Myers também sublinhou que as leis hoje estão mais rígidas do que há 20 anos: “Em vários estados (americanos), filmar polícias é considerado uma espécie de gravação ilegal. Hoje, você poderia ser acusado de um crime por fazer o que Holliday fez”.
David Silverberg escreveu para o Digital Journal sobre como o jornalismo cidadão se adaptou à era digital, ressaltando os múltiplos canais de distribuição disponíveis actualmente e mesmo a possibilidade de driblar os media tradicionais por meio do YouTube ou de sites de jornalismo cidadão como o LiveLeak. Silverberg também chamou a atenção para a capacidade que os relatos feitos por jornalistas cidadãos têm de mostrar os factos de uma perspectiva mais humana e próxima, como no caso dos conflitos no Médio Oriente.
“Além disso, o jornalismo cidadão está a começar a ganhar respeito”, escreveu Silverberg. “Não é só um hobby. O jornalismo cidadão já deu muitos furos e contextualizou histórias frequentemente contadas de uma certa distância… Hoje à noite, vamo-nos lembrar de como Holliday invadiu o território dos jornalistas e brindar por mais 20 anos de um poderoso jornalismo cidadão”.
Em Moçambique o jornal @Verdade está a impulsionar o surgimento do jornalismo cidadão principalmente como forma de participação activa dos populares nos acontecimentos que dia-a-dia acontecem um pouco pelo país. É um espaço sem censura e apartidário onde os moçambicanos assumem a sua cidadania, denunciando irregularidades que presenciam, mostrando problemas, apontando soluções ou informando sobre acontecimentos no seu bairro, no trabalho ou na cidade.
Há duas semanas @Verdade começou a incentivar os seus leitores a denunciarem um dos maiores cancros da sociedade moçambicana: a corrupção. O objectivo não é necessariamente o de prender os corruptos, ou os corruptores, mas o de despertar a atenção de todos, e principalmente de quem tem responsabilidades, sobre algo que existe, acontece todos os dias mas a sociedade quase ignora e convive com a corrupção passivamente.
Os cidadãos repórteres passam assim a ajudar os jornalistas que não conseguem estar em cima de todos os acontecimentos e em todos os lugares deste vasto Moçambique – precisam apenas de enviar uma mensagem de texto, SMS, um email para averdademz@gmail.com, ou partilhar a informação no twitter do jornal ou mesmo no facebook/Jornal- Verdade.com.