A Iniciativa Corredor de Crescimento Agrícola da Beira (BAGC), Centro de Moçambique, tem disponíveis mais de doze milhões de dólares norte-americanos para financiar a agricultura comercial.
O montante, co-financiado pelo Ministério britânico de Cooperação e Desenvolvimento Internacional e pela Embaixada da Noruega, em Moçambique, tem em vista estimular o desenvolvimento da agricultura comercial no Corredor da Beira, que abrange as províncias de Sofala, Manica e Tete.
Segundo escreve o matutino “Noticias”, o que se pretende é transformar o actual panorama de cultivo de pequena escala que se pratica na região em agricultura comercial.
Daquele montante, pelo menos sete projectos já receberam o chamado fundo catalisador, destacando-se, entre outros, a Phoenix Seeds, a Fruta de Manica e Phoenix Bananas, a Moz Agri Caprinos, a Lucite Manga e Gergelim, a Mozambique Honey Company e a Comercialização de Pequena Escala, na província de Manica.
Através destes projectos espera-se produzir, processar e distribuir variedades de semente de alto poder germinativo de soja, verduras, feijões e ervilhas para 120 mil pequenos agricultores; produzir, embalar, armazenar e transportar banana para os mercados locais e regionais.
O projecto prevê ainda, distribuir colmeias para cinco mil apicultores, formar agentes colectores e estabelecer um centro de processamento e armazenamento, no Chimoio, a capital de Manica, e atender 30 mil agricultores associados em serviços de extensão, micro-seguros e insumos agrícolas.
São também apostas para este pacote de investimentos dinamizar os projectos de fomento e produção de mangas e gergelim e a aquisição de caprinos de raça melhorada para engorda e distribuição aos pequenos produtores para processamento e comercialização.
Uma radiografia do potencial agrícola do Corredor da Beira aponta diversos factores inibidores do desenvolvimento agrícola na região, evidenciando-se, entre outros, a falta de recursos e de um plano e política exequíveis de agricultura através do qual se possa inverter o actual cenário que se reflecte na insegurança alimentar cíclica e crónica numa região potencialmente produtiva.
O gestor da BAGC, Emerson Zhou, disse, durante o primeiro fórum provincial de agro-negócios, realizado em Cafumpe, distrito de Gondola, em Manica, que o Corredor da Beira possui todas as condições naturais necessárias para uma agricultura de sucesso, entre as quais bons solos e clima, bem como o acesso à terra e fontes de água. Porém, a região continua pobre por ser dependente da agricultura de subsistência.
“Estão disponíveis, no Corredor da Beira, 10 milhões de hectares de terra arável, potencial que permanece inexplorado sob ponto de vista da agricultura comercial.
Deste potencial, apenas cerca 1,5 milhão de hectares de terra arável estão a ser explorados pela agricultura de pequena escala, 25.700 acolhem empreendimentos agrícolas comerciais e 1200 hectares acomodam a agricultura comercial irrigada.
Dos 10 milhões de hectares de terra arável, menos de 0,3 hectare está a ser usado de forma comercial, numa altura em que a população radicada nesta região, na sua maioria rural, depende inteiramente da agricultura de subsistência e vive em condições de pobreza extrema.
Segundo Emerson, com esta iniciativa, lançada em 2010 no Fórum Mundial em Davos, na Suíça, pretende-se, até 2030, explorar 190 mil hectares de terra irrigada para a agricultura, e vender a produção nos mercados doméstico, regional e internacional.
Até 2030, o projecto prevê criar pelo menos 350 mil postos de trabalho e financiar 200 mil pequenos agricultores do sector familiar.