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Doze comandantes militares indiciados por suposto complô na Turquia

Doze comandantes militares suspeitos de conspiração em 2003 contra o governo islamita moderado turco foram presos por ordem de um tribunal de Istambul esta quarta-feira, um caso que reativa o conflito entre o executivo e a hierarquia militar.

A agência de notícias Anatolia anunciou uma reunião extraordinária para amanhã, quinta-feira, entre o presidente, Abdullah Gül, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, e o chefe de Estado-Maior, general Ilker Basbug para tratar do caso. Dois almirantes da ativa, dois almirantes e um general da reserva, assim como dois ex-coronéis, estão entre os oficiais acusados de pertencer a uma organização clandestina que teria como objetivo derrubar o governo, informaram a agência semioficial Anatolia e canais de televisão.

A justiça ordenou esta quarta-feira a prisão de outros cinco militares suspeitos, também acusados de complô, em 2003. Ao mesmo tempo, o tribunal liberou seis militares detidos durante uma operação sem precedentes contra 49 oficiais acusados pelo planejamento, em 2003, de uma conspiração contra o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, integrante do movimento islâmico), no poder desde 2002. O plano, batizado “Martelo de Forja”, foi revelado por um jornal em janeiro.

O Exército negou a tentativa de golpe e denunciou o que chamou de ‘absurda campanha de desprestígio’, construída a partir de um cenário imaginário de simulação de guerra utilizado para a formação de militares. O suposto plano contemplava que um caça turco fosse abatido sobre o mar Egeu. Depois, a aviação turca seria acusada e bombas seriam colocadas em mesquitas de Istambul para estimular uma situação de caos, e justificar assim um golpe de Estado.

A ofensiva judicial, a mais importante da história contra o Exército, é mais uma de uma longa série de investigações sobre supostos complôs para derrubar o AKP. As investigações foram criticadas pelos que temem que tudo não passe de uma tentativa de fazer calar os defensores do laicismo, e estimular a islamização da Turquia. A prisão dos militares, em um país onde o Exército é considerado o garantia do regime laico, aumentou a tensão entre partidários do governo e a oposição laica.

O general Ibrahim Firtina, ex-comandante da Força Aérea, e o almirante Özden Örnek, ex-comandante da Marinha, que estão entre os detidos, podem ser interrogados pala procuradoria e colocados à disposição de um tribunal, de acordo com a imprensa. O Estado-Maior das Forças Armadas reagiu na terça-feira às detenções e convocou uma reunião extraordinária de todos os generais e almirantes para avaliar o caso, que chamou de “situação greve”.

Analistas militares consideram que a reunião, de caráter excepcional, tem como objetivo expressar apoio moral aos oficiais detidos, mas sem desejar interferir em um processo judicial em curso. O comandante do Estado-Maior, Ilker Basbug, declarou que o Exército respeita o Estado de direito e que a época dos golpes de Estado ficou para trás na Turquia, país que aspira entrar para a União Europeia (UE).

O Exército turco – o segundo maior em número de oficiais da Otan, atrás dos Estados Unidos – tem 15 generais e almirantes. Desde 1960 derrubou quatro governos. A Comissão Europeia se declarou preocupada com as acusações e pediu uma investigação exemplar. Washington pediu um “processo transparente”.

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