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Documento da ONU reforça suspeitas de fraude nas presidenciais afegãs

Um documento confidencial da ONU publicado esta quarta-feira pela imprensa americana revelou a existência de fraudes em grande escala na eleição presidencial afegã, num momento em que a recontagem dos votos supostamente irregulares continua em Cabul.

O resultado definitivo da eleição pode ser anunciado no fim da próxima semana, informaram as autoridades eleitorais. De acordo com o documento citado pelo jornal Washington Post, a maior parte das supostas irregularidades beneficiou ao presidente Hamid Karzai, vencedor da eleição com 54,6% dos votos, segundo resultados provisórios.

A mesma constatação foi feita anteriormente por diversos observadores questionados pela AFP. Assim, na província de Helmand, no sul do país, 134.804 votos foram contabilizados, sendo 112.873 em favor de Karzai. Porém, segundo a missão da ONU no Afeganistão (Unama), somente 38.000 pessoas votaram no dia 20 de agosto. Na província de Paktika (leste), 212.405 votos foram registrados, sendo 193.541 para Karzai, mas segundo a Unama somente 35.000 pessoas votaram.

Contactada pela AFP, a Unama se recusou a comentar o assunto. Ao contrário, em várias províncias onde se impôs o principal adversário de Karzai, o ex-chanceler Abdullah Abdullah (27,8% dos votos, segundo os resultados provisórios) a ONU considera que a participação real foi maior do que a registrada pelas autoridades. Assim, na província de Balkh (norte), a ONU contabilizou 450.000 eleitores. Porém, apenas 297.557 votos aparecem nos resultados oficiais.

A Comissão Eleitoral Independente (CEI), responsável pela organização das eleições e a contagem dos votos, é acusada pela oposição, por observadores e por organizações de defesa de direitos humanos de apoiar Hamid Karzai. As suspeitas de fraude derrubaram o número dois da Unama, o americano Peter Galbraith, demitido na semana passada após uma briga com Kai Eide, chefe da missão da ONU.

Galbraith acusou Eide de ter se recusado a divulgar informações sobre as fraudes, inclusive aos embaixadores em Cabul, vários dos quais confirmaram a veracidade destas acusações à AFP. Em coluna publicada domingo pelo Post, Galbraith afirmou que “30% dos votos em favor de Karzai são fraudulentos”. Se as acusações se confirmarem, Karzai pode cair para menos de 50% e ser obrigado, portanto, a disputar um segundo turno contra Abdullah.

Em Cabul, cédulas de voto suspeitas estão sendo analisadas desde segunda-feira, segundo um procedimento estatístico complexo. A CEI está examinando 3.498 urnas, na verdade, 10% das cédulas destas urnas, divididas em seis categorias segundo o tipo de irregularidade constatada. Os resultados desta análise devem ser conhecidos no fim desta semana.

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